Lidar com um diagnóstico positivo de infeção por VIH não é hoje sinónimo de morte ou de uma esperança média de vida mais reduzida. Com os avanços da medicina e das terapêuticas disponíveis, o grande desafio da atualidade é assegurar qualidade de vida a uma população que, vivendo com o vírus, precisa de um acompanhamento diferenciado do sistema de saúde. “A qualidade de vida tem demonstrado uma relação significativa com os problemas de saúde psicológica e a adesão aos tratamentos”, aponta Maria Eugénia Saraiva, presidente da Liga Portuguesa Contra a SIDA.
A responsável considera essencial acompanhar de perto os desafios sentidos por quem tem um diagnóstico positivo. Com isso em mente, a associação que representa implementou a realização de um questionário aos seus utentes em dois momentos distintos: no início do tratamento e cerca de seis meses mais tarde. O objetivo é “aferir como se encontra a sua satisfação e perceção face aos diferentes domínios” do percurso terapêutico, de forma que a instituição de apoio possa adaptar a intervenção junto de cada pessoa.
A Abraço desenvolveu uma iniciativa semelhante, tendo envolvido cerca de 70 especialistas com diferentes formações e pessoas que vivem com VIH para criar um questionário. Mais do que dados clínicos, que também foram incluídos no documento, a presidente Cristina Sousa explica que pretende ter “uma avaliação 360º de cada pessoa” para garantir um aconselhamento personalizado, mas também maior participação desta população na tomada de decisões sobre saúde e VIH. Ao contrário do que acontece com o inquérito da Liga Portuguesa Contra a SIDA, que é aplicado a todos aqueles que procuram a associação, o mecanismo de avaliação da Abraço precisa de “investidores que apoiem a segunda fase” do projeto: a implementação em meio hospitalar e comunitário.
“Para nós, isto [o questionário de qualidade de vida] é o futuro no que diz respeito ao tratamento do VIH. É crucial intervirmos garantindo uma avaliação 360º de cada pessoa”, defende Cristina Sousa
Estes mecanismos, sublinha Maria Eugénia Saraiva, podem “contribuir para uma melhor adaptação à infeção ou à doença”, pelo que considera relevante poder partilhar os dados recolhidos pela Liga com os médicos infeciologistas. “Isto requer uma aplicação digital que implica custos, ou uma ligação aos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, cujo custo-benefício poderia fazer a diferença”, reforça.
Debater caminhos, estratégias e exemplos de sucesso sobre a melhoria da “Qualidade de Vida” de quem vive com VIH é o grande tema da próxima conferência do projeto Horizonte 2030. A iniciativa do Expresso, com apoio da ViiV Healthcare, acontece esta quarta-feira, 29 de março, e tem transmissão em direto no Facebook do semanário. Consulte, abaixo, os detalhes do evento.
é o número acumulado de pessoas infetadas por VIH em Portugal desde a década de 80. O pico de casos anuais aconteceu em 1999, quando foram reportados 3.351 diagnósticos
O que é
Ao longo de 18 meses, o projeto Horizonte 2030, criado pelo Expresso com o apoio da ViiV Healthcare, promove a discussão em torno dos desafios no diagnóstico e tratamento do VIH/SIDA. Para isso, o semanário constituiu um Conselho Consultivo que reúne representantes de pessoas que vivem com VIH, médicos e outros especialistas, que reúnem uma vez por trimestre para delinear caminhos em direção ao cumprimento dos objetivos propostos pela Organização Mundial de Saúde – a eliminação de novos casos de infeção em 2030.
Quando, onde e a que horas?
Acontece na próxima quarta-feira, 29 de março, no edifício da Impresa, a partir das 17h30.
Quem são os oradores em destaque?
- Catarina Esteves, enfermeira da área do VIH no Hospital de Cascais;
- Daniel Simões, diretor da missão Acompanhamento e Avaliação da Coalition PLUS Lisboa;
- Amílcar Soares, presidente da Associação Positivo.
Porque é que este tema é central?
“Qualidade de vida” é o mote para mais uma conferência do projeto Horizonte 2030, que contará com a participação de especialistas em saúde para refletir sobre os principais desafios sentidos por quem vive com VIH. Numa altura em que a infeção é controlável e os seus efeitos na saúde podem ser minorados, desde que seja possível garantir um diagnóstico atempado, é essencial discutir temas ligados ao bem-estar social, psicológico e físico desta população, mas também cuidados personalizados às suas comorbilidades e ao seu processo de envelhecimento.
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