Caminho da Internacionalização

"Moçambique é campeão em potencial"

12 outubro 2013 16:19

Rosália Amorim, em Maputo

Pires de Lima na iniciativa do Expresso em Maputo

tomás cumbana/4see

António Pires de Lima diz que na próxima década o mundo estará virado para África. O ministro da Economia acredita que Portugal poderá ter um papel importante

12 outubro 2013 16:19

Rosália Amorim, em Maputo

Defende que Moçambique pode ser um campeão do desenvolvimento. Como, se é a 4.ª nação mais pobre do mundo e regista instabilidade político-militar?

É campeão em potencial de crescimento. Não há muitos que registem, de forma sistemática, uma taxa de crescimento próxima dos dois dígitos e que tenham dado o exemplo em África, ao longo de 20 anos, de uma cultura democrática e de paz, como Moçambique. Sei que há alguns sobressaltos no presente, mas parecem-me controlados e menores do que noutras regiões de África.

As empresas portuguesas correm o risco de serem iludidas pela 'bolha' que se vive em redor do carvão e do crescimento?

Os empresários quando vêm para um país têm de fazer bem o trabalho de casa. Não sou adepto de euforias empresariais, relativamente a um destino. O Estado não se pode substituir a essa responsabilidade, nem deve adotar um discurso facilitista, voluntarista ou dirigista, porque isso já produziu resultados complicados no passado e depois são os empresários que têm que suportar os custos dessas apostas e, muitas vezes, sobram até para a banca.

As empresas lusas estão cadavez mais dependentes de Moçambique e Angola. Que risco vislumbra nestas relações?

É uma boa dependência. Muitos emergentes, como o Brasil ou a China, estão a crescer menos, e creio que a próxima década vai estar virada para África. Aí Portugal joga um papel importante. Quanto ao risco, também existe quando estamos dependentes de Espanha ou de outros países europeus, dos quais dependem as nossas exportações.

Enquanto gestor tentou, sem sucesso, abrir uma fábrica da Unicer em Angola. Agora, como ministro, os empresários questionam: como pode dar conselhos de internacionalização?

Podemos sempre ver o lado positivo ou menos positivo. Nos últimos 20 anos estive ligado à Compal e Unicer, que se tornaram os maiores exportadores para Angola.O processo de internacionalização começa pela exportação, o investimento vem depois. Eu já defini como prioridade, na relação com Angola - que acabo também de visitar - criar um observatório de monitorização dos investimentos pendentes de empresas portuguesas em Angola. Aideia foi bem recebida pelas autoridades angolanas, tanto pelo ministro da Economia como pelo vice-presidente, no sentido de ajudar todas as empresas portuguesas. Não é só o caso da Unicer, mas muitas outras. Foi criada uma metodologia que permite a monitorização trimestral, com conhecimento do vice-presidente angolano e do vice-primeiro-ministro português, da execução dos projetos de angolanos em Portugal e de portugueses em Angola. Essa é, de facto, uma preocupação grande que tenho, fruto da experiência passada.