Margem dos juros nos créditos dispara e puxa por lucros do banco Abanca
Banco espanhol presente em Portugal aumenta resultado líquido. A carteira de crédito e o volume de depósitos só cresceram devido à aquisição de outra instituição em Espanha
Banco espanhol presente em Portugal aumenta resultado líquido. A carteira de crédito e o volume de depósitos só cresceram devido à aquisição de outra instituição em Espanha
A margem obtida pelos juros praticados em créditos disparou no Abanca nos primeiros três meses do ano, avançando 47%, o que contribuiu para que os lucros da instituição financeira espanhola com presença em Portugal crescessem 30%. O aumento dos lucros não foi maior porque o banco precisou de colocar dinheiro de lado para imparidades, tendo em conta eventuais incumprimentos nos créditos à luz do atual contexto europeu.
O resultado líquido do Abanca chegou aos 105,2 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, o que corresponde ao aumento de 30% face ao mesmo período de 2022, segundo os números que foram divulgados esta quinta-feira, 27 de abril.
A margem financeira (que reflete a diferença entre juros recebidos pelos créditos e juros pagos em depósitos) alcançou os 252 milhões de euros, uma subida homóloga de 47%, quando estava em 171 milhões entre janeiro e março de 2022. No primeiro trimestre de 2021, a margem de juros era de 164 milhões. Ou seja, o salto deste ano, que se deveu ao agravamento das Euribor por conta da subida da taxa de juro pelo Banco Central Europeu, é muito mais significativo do que no ano anterior.
Já os custos somaram 3,4% em relação ao ano passado, o que, ressalva o Abanca no comunicado, é abaixo da inflação. “Esta contenção foi conseguida graças aos projetos de racionalização levados a cabo nos últimos exercícios e à obtenção das sinergias pendentes dos negócios recentemente integrados”, explica a entidade.
O que aumentou também foram as imparidades, os montantes que o banco reconhece antecipadamente como perdidos para cobrir eventuais perdas em créditos. Foram mais 50% do que no primeiro trimestre do ano passado.
Em termos comparativos, a carteira de crédito do Abanca cedeu ligeiramente dos primeiros meses de 2022 para o mesmo período em 2023 (de 45,6 para 44,2 mil milhões de euros). Só que o banco adquiriu o espanhol Targobank, o que permite que a carteira suba aos 47,8 mil milhões. Nos depósitos também houve um recuo do volume, só subindo devido à integração do Targobank.
Estas descidas registadas na versão comparativa (sem a integração do Targobank) são evoluções idênticas às que o Santander em Portugal registou no mesmo período - baixas remunerações de depósitos que não atraem os clientes, elevados custos para a obtenção de empréstimos devido aos juros altos.
O Abanca, que esteve na corrida para a compra do português Eurobic (operação que por agora não tem tido novidades), não separa quais os resultados obtidos em Portugal dos que alcança em Espanha.
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