Sistema financeiro

Moody's espera que Novo Banco continue lucrativo ajudado pelo aumento dos juros no crédito

Foto: Getty Images
Foto: Getty Images
A Moody's melhorou o rating de dívida sénior não garantida do Novo Banco e espera que o banco se mantenha lucrativo com uma ajuda da subida dos juros

A Moody's melhorou o rating de dívida sénior não garantida do Novo Banco e disse esperar que este se mantenha lucrativo e que a subida dos juros dos empréstimos compense pressões negativas como inflação e eventual aumento de créditos problemáticos.

O Novo Banco enviou, esta quarta-feira, um comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) em que cita a informação da agência de rating Moody's e na qual esta melhora o 'rating' de dívida sénior não garantida do banco de B3 para Ba3.

A Moody's, citada no comunicado, justificou a decisão com a "melhoria significativa do perfil de crédito do Novo Banco" devido à estratégia de diminuição de risco prosseguida no âmbito do plano de reestruturação acordado com a Comissão Europeia.

A Moody's diz ainda que a melhoria da notação financeira do banco reflete a "melhoria significativa das métricas de solvabilidade", sobretudo melhor qualidade dos ativos, "forte rentabilidade" e maior capacidade de absorção de perdas.

Sobre os lucros do banco, a Moody's disse que espera que em 2023 "a tendência se mantenha" num momento em que os créditos têm taxas de juro mais elevadas enquanto o custo do financiamento cresce de modo mais moderado, o que irá "compensar as pressões negativas decorrentes da alta inflação nos custos operativos e o maior custo do risco", devido, sobretudo, a eventual subida de crédito malparado.

A Moody's subiu ainda o rating dos depósitos de longo prazo do Novo Banco de Ba3 para Ba1.

O Novo Banco teve lucros de 560,8 milhões de euros em 2022, o triplo dos resultados positivos registados em 2021 (quando teve pela primeira vez lucros anuais).

O Novo Banco foi criado em agosto de 2014, aquando da resolução do Banco Espírito Santo (BES), detido pelo Fundo de Resolução bancário e com uma capitalização inicial de 4900 milhões de euros.

Em 2017, 75% foi vendido ao fundo de investimento norte-americano Lone Star, que não pagou qualquer preço, tendo injetado 1000 milhões de euros.

Nessa venda foi acordado um mecanismo pelo qual o Fundo de Resolução recapitaliza o Novo Banco até 2026, com um limite de 3890 milhões de euros, por perdas em ativos que afetem rácios de capital.

A cada ano, as chamadas de capital do FdR ao Novo Banco provocaram polémica, sobretudo porque muito do dinheiro injetado veio do Orçamento do Estado.

Ao abrigo deste acordo, o Novo Banco já recebeu 3405 milhões de euros de dinheiro público.

Contudo, ainda seguem disputas entre o Novo Banco e o Fundo de Resolução (desde logo em tribunal arbitral) que poderão levar a que seja colocado mais dinheiro, apesar de que em referência a 2022 o banco não ter pedido nova injeção de capital.

De momento, o Novo Banco é detido em 75% pelo Lone Star, sendo o restante capital detido pelo Fundo de Resolução bancário e diretamente pelo Estado português.

Desde o verão passado que o presidente executivo do Novo Banco é o irlandês Mark Bourke (anteriormente administrador financeiro), que sucedeu a António Ramalho.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas