Sistema financeiro

Turismo e subida dos juros fazem mais notas regressar ao Banco de Portugal em 2022

Turismo e subida dos juros fazem mais notas regressar ao Banco de Portugal em 2022
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“O valor das notas entradas no Banco de Portugal voltou a superar o valor das notas saídas” em 2022, segundo o banco central português. Deveu-se em parte ao aumento do “custo de oportunidade de ter notas” provocado pela subida dos juros

O turismo e a subida dos juros fizeram com que o número de notas a entrar no Banco de Portugal (BdP) no ano passado tivesse sido maior do que o número de notas que saíram, reportou esta terça-feira, 18 de abril, o banco central português no Relatório de Emissão Monetária de 2022.

Uma nota na carteira não rende juros, ao contrário da aplicação dessa nota noutro ativo que dê rendimento. A subida dos juros, no ano passado, foi um fator que serviu para “drenar” notas do mercado, regressando ao BdP. “Refletindo a maior entrada de notas por via do turismo (que não é totalmente absorvida pela procura) e, possivelmente, também o aumento das taxas de juro (que torna mais elevado o custo de oportunidade de ter notas), o valor das notas entradas no Banco de Portugal voltou a superar o valor das notas saídas. Foi, assim, retomada a tendência observada antes da pandemia”, estima o banco.

No BdP em 2022, entraram “11.539 milhões de euros em notas e saíram 9708 milhões, respetivamente mais 34,4% e mais 10,9% do que em 2021”, detalha.

“Uma vez que o valor das notas entradas superou o das notas saídas, o valor das notas colocadas em circulação pelo Banco de Portugal (“emissão líquida”) voltou a diminuir, retomando uma tendência apenas interrompida em 2020 e em 2021, no contexto da pandemia. No final do ano, a emissão líquida totalizava -21 mil milhões de euros, o que representa uma redução de 9,5% relativamente ao final de 2021”, acrescenta.

Já as moedas têm uma tendência contrária, com o número de moedas saídas a ser maior do que o de moedas entradas.

“Em 2022, o Banco de Portugal entregou moedas num montante 2,5 vezes superior ao das moedas recebidas. No final do ano, a emissão líquida de moedas em Portugal atingiu 753,8 milhões de euros, o que corresponde a um crescimento de 7,4% em relação ao ano anterior”, diz.

No ano passado, a empresa impressora de notas detida pelo BdP, a Valora, produziu 108 milhões de notas de 20 euros e 78,4 milhões de notas de 10 euros “ao abrigo do acordo de fusão das quotas de produção de notas de euro celebrado entre os bancos centrais da Bélgica, da Áustria e de Portugal”.

“O Banco de Portugal não recebeu notas de outros bancos centrais do Eurosistema, mas entregou-lhes 49,6 milhões de notas de 20 euros e 22,4 milhões de notas de 50 euros, 60 mil notas de 100 euros e 90 mil notas de 200 euros”, detalha.

Na zona euro, a emissão líquida de notas cresceu 1,8%, “menos do que em anos anteriores”. Foi um ano que começou, até abril, com um aumento da procura de notas devido à “invasão da Ucrânia” e ao “consequente receio de interrupção do normal funcionamento dos sistemas de pagamentos”.

A contrabalançar esteve a subida das taxas de juro pelo Banco Central Europeu. Esta subida fez que, a partir de julho, aumentasse “o custo de oportunidade de deter este tipo de ativos”, promovendo “desta forma um maior regresso de notas aos bancos centrais.”

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