Particulares nunca tiraram tanto dinheiro de depósitos na zona euro como em fevereiro
Desde que há registo (1997) que não havia uma saída tão grande de depósitos de particulares entre os bancos da zona euro. Em Portugal a tendência é semelhante
Desde que há registo (1997) que não havia uma saída tão grande de depósitos de particulares entre os bancos da zona euro. Em Portugal a tendência é semelhante
Os particulares retiraram 214 mil milhões de euros dos bancos da zona da moeda única nos últimos cinco meses, sendo que em fevereiro o valor mensal atingiu um recorde, segundo dados do Banco Central Europeu, citados pelo “Financial Times”.
A queda nos depósitos bancários da zona do euro, que começou alguns meses depois do BCE começar a aumentar as taxas de juros no verão passado, marca uma reversão das grandes quantias de dinheiro que vinham sendo despejadas nos bancos – principalmente desde a pandemia.
Só em fevereiro os particulares retiraram 71,4 mil milhões de euros dos depósitos bancários, a maior redução desde que estes registos se iniciaram, em 1997.
O mesmo acontece em Portugal. Em fevereiro, o stock de depósitos de particulares nos bancos reduziu-se em 2,1 mil milhões de euros, totalizando 177,8 mil milhões de euros no final do mês. Por cá, o dinheiro vai em direção aos certificados de aforro, que têm remunerações mais interessantes. Só em fevereiro as subscrições líquidas de certificados de aforro aumentaram 2,6 mil milhões de euros.
Segundo o “Financial Times”, no Reino Unido a tendência é a mesma. Os dados, referentes a janeiro, mostram que foram retirados 20,3 mil milhões de libras em janeiro, o maior valor de sempre desde, pelo menos, 2009.
Os dados mostram que os bancos europeus já estavam com dificuldades em atrair os clientes, pelo menos a nível de depósitos, ainda antes de espoletar a crise nos Estados Unidos, com a queda de três bancos, e na Suíça, onde o Credit Suisse acabou por ser adquirido pelo rival UBS.
Contudo, segundo o BCE, algum do dinheiro que saiu em depósitos acabou por ser reinvestido nos próprios bancos, que aumentaram o seu financiamento com a emissão de 155 milhões de euros em títulos - mais de dois terços deles títulos de longo prazo - nos seis meses até fevereiro.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: piquete@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes