Sistema financeiro

Goldman Sachs: crise torna bancos mais conservadores no crédito, com impacto negativo no PIB dos EUA

Goldman Sachs: crise torna bancos mais conservadores no crédito, com impacto negativo no PIB dos EUA
Christopher Furlong/Getty

O Goldman Sachs prevê que a crise atual no setor financeiro provoque uma contração do crédito pelos bancos norte-americanos mais pequenos. Menos crédito pode ter o mesmo impacto nos mercados que uma subida das taxas pela Fed de até 50 pontos-base, dizem os analistas do banco

A crise bancária em curso nos EUA pode obrigar os bancos de menor dimensão a apertarem os critérios de concessão de crédito, o que poderá ter um impacto negativo no ritmo de crescimento da economia norte-americana, calculam os analistas do banco de investimento Goldman Sachs.

Para refletir a diminuição do crédito causada pela crise bancária, numa altura em que a subida das taxas de juro por parte da Reserva Federal (Fed) já restringe fortemente a liquidez no mercado, a casa de investimento reviu em baixa a previsão de crescimento do produto interno bruto (PIB) dos EUA no quarto trimestre em 0,3 pontos percentuais para os 1,2%.

“A nossa análise implica que o aperto progressivo nos critérios de crédito que prevemos depois da pressão nos bancos pequenos pode ter o mesmo impacto no crescimento que aumentos das taxas diretoras de cerca de 25-50 pontos-base”, acrescentam os analistas do Goldman Sachs.

Isto porque consideram que, apesar das medidas tomadas pela Fed, pelo Tesouro norte-americano, e pela autoridade de garantia dos depósitos FDIC para acalmar as águas nos últimos dias, os bancos mais pequenos deverão mesmo assim adoptar critérios mais conservadores de concessão de crédito, “de forma a preservarem liquidez no caso de necessitarem de cumprir pedidos de levantamento”, defendem numa nota de research divulgada esta quinta-feira, 16 de março.

As instituições com menos de 250 mil milhões de dólares em ativos sob gestão representam “50% do crédito comercial e industrial, 60% do crédito imobiliário residencial, 80% do crédito imobiliário comercial, e 45% do crédito ao consumo”, elenca a nota do Goldman Sachs.

E é por isso que este “aperto” na concessão de crédito pelas instituições mais pequenas “pode pressionar a procura agregada”, dado o peso destas instituições na economia norte-americana, dizem os analistas.

Apesar da incerteza atual, e de ainda não se saber a extensão total da crise, o Goldman Sachs estima uma quebra de 2,5% no crédito total da banca, com um impacto de 0,25 pontos percentuais no crescimento do PIB de 2023, num cenário em que os bancos mais pequenos com uma quota reduzida de depósitos cobertos pela garantia de 250 mil dólares da FDIC reduzem o crédito em 40%.

Os cálculos neste cenário incorporam já uma quebra de 0,5 pontos percentuais na taxa de crescimento do PIB norte-americano “além da já implícita pelo impacto desfasado do aperto quantitativo nos últimos trimestres”, segundo a casa de investimento.

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