Sistema financeiro

Novo Banco antecipa mais margens com os juros, mas admite crescimento de crédito malparado

Novo Banco antecipa mais margens com os juros, mas admite crescimento de crédito malparado
ANTONIO PEDRO FERREIRA

Gestão de Mark Bourke prevê melhoria de resultados do Novo Banco em 2023, depois de ter reportado lucro de 561 milhões de euros no ano passado

O Novo Banco conta aumentar ainda mais a margem que consegue obter entre os juros que cobra nos créditos e os que paga nos depósitos. No entanto, a administração do banco também admite que o crédito malparado que venha a registar no fim do ano possa ser superior àquele com que terminou 2022.

Estas são duas conclusões que se pode retirar dos objetivos definidos para este ano pela gestão do Novo Banco, hoje em dia assegurada por Mark Bourke, e que foram transmitidas numa conferência telefónica com analistas esta quinta-feira, 9 de março.

A taxa de margem financeira obtida pelo banco da Lone Star foi de 2% no quarto trimestre, o que já representou uma subida face à média anual, que se fixou em 1,5%. Esta taxa resulta do juro que cobra em créditos e daquele que paga nos depósitos. E já se sabe que o aumento foi muito mais acentuado nos créditos, que respondem à abrupta subida das Euribor, do que nos depósitos, cuja remuneração depende da política comercial dos bancos.

A meta agora anunciada por Mark Bourke e por Benjamin Dickgiesser, o administrador financeiro (CFO) que ainda aguarda autorização do Banco Central Europeu (BCE) para iniciar funções, é de 2,2%.

“O novo ambiente de taxas de juro vai suportar um crescimento ainda maior na margem financeira”, indica o documento distribuído aos analistas. E tal terá impacto nos resultados, tendo em conta que o balanço do banco da Lone Star é “altamente sensível a taxas de juro”, como frisou o CFO.

Esta alteração dos preços dos créditos é um dos fatores que fazem com que o Novo Banco acredite que os resultados recorrentes antes de impostos venham a ser superiores a 600 milhões de euros em 2023. De recordar que em 2022, o resultado antes de impostos nem chegou a essa dimensão, sendo que após a fatura fiscal foi de 561 milhões de euros.

As metas são apenas para 2023 (num banco em que a venda é uma hipótese em cima da mesa, não há compromissos para mais anos), sendo que outro objetivo é que o rácio de crédito malparado não supere os 4,5% da carteira.

Ou seja, há hipótese de este peso vir a crescer, já que em dezembro este rácio estava em 4,3% - que é uma forte redução face aos 5,7% de um ano antes. Isto num ano de crise inflacionista, e que ainda não deu sinais de normalização.

“No médio prazo” – não especificado –, o CFO acredita poder atingir a média da União Europeia, que está pouco acima de 2%, sendo que, para já, é de notar que a cobertura por imparidades destes créditos tem vindo a crescer no Novo Banco.


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