25 maio 2014 11:04
"Ricos e Pobres - A Ciência da Desigualdade" é o tema da edição especial da edição desta semana desta revista científica.
25 maio 2014 11:04
O tema quente da desigualdade chegou à capa da revista científica "Science", que raramente aborda temas de economia. A capa da edição desta semana (nº 6186, volume 344) tem um título sugestivo - "Ricos e Pobres - A Ciência da Desigualdade". A foto de capa é também chocante: uma mulher com um filho às costas mendigando num semáforo junto a uma viatura de alta gama nas ruas de Xangai.
"A ideologia e a emoção comandam muito do debate [em torno da desigualdade]. Mas cada vez mais, a discussão é sustentada por uma maré de novos dados sobre o fosso entre ricos e pobres", refere-se na Introdução a uma edição especial que conta com um editorial de Angus Deaton, professor de Economia da Universidade de Princeton, e mais 16 artigos de académicos, incluindo um de Thomas Piketty (o autor de "Capital no século XXI", que o Expresso entrevistou para a edição impressa de 23 de maio) e Emmanuel Saez, responsáveis pela base de dados "The World Top Incomes Database".
O editorialista conclui dizendo: "A distribuição da riqueza é mais desigual do que a distribuição do rendimento e os rendimentos muito elevados acabarão por entrar no estádio de crisálida de grandes fortunas, levando a uma distopia hereditária de ricos ociosos. Piketty chama-lhe "capitalismo patrimonial", um estádio que ocorre sempre que a taxa de retorno do capital é mais elevada do que a taxa de crescimento da economia. Isto tem sido verdade para uma boa parte da história e levanta a questão de saber se a extrema desigualdade é inevitável. Não deveria ser". O estádio de crisálida é o terceiro no ciclo de vida de uma borboleta, em que o corpo desta se desenvolve sob a casca da crisálida até que a casca se rompe e a borboleta sai.
A edição de 23 de maio do Expresso publicou um artigo no caderno de Economia sobre a evolução da desigualdade em Portugal: "Portugal também sofre com a 'maldição' de Piketty", onde se conclui: "Os dados do Instituto Nacional de Estatística mostram que, apesar da redução do coeficiente de Gini, a diferença entre ricos e pobres alargou-se e é a mais elevada desde 2006".