A greve da Silopor, anunciada esta segunda-feira pelos trabalhadores da empresa, para dia 31 de Janeiro, pode deixar navios de cereais por descarregar e centenas de camiões à espera de carga para a indústria transformadora – quer de farinhas para pão quer de alimentos compostos para animais.
Os trabalhadores exigem a integração dos mais de 20 colegas que trabalham na Silopor em regime de trabalho temporário, alguns a prestar serviço diariamente desde 2019. Mas contestam também o aumento de 5% da massa salarial, proposto por despacho do Ministério das Finanças, que tutela a empresa, que consideram “inaceitável”.
Por outro lado, os trabalhadores pretendem negociar a revisão do acordo de empresa e das carreiras profissionais aí previstas, de forma a garantir uma progressão uma “maior e mais célere progressão na carreira, até como forma de compensar os trabalhadores pelo congelamento das carreiras ocorrido no período da troika”, pode ler-se num comunicado enviado às redações pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), que representa os trabalhadores da Silopor.
O Expresso falou com os responsáveis sindicais que lamentam o facto de, por exemplo, nos silos do Beato, em Lisboa, todos os trabalhadores ligados à descarga de navios estarem em regime temporário. E consideram “estranho” que a Autoridade para as Condições do Trabalho nunca tenha atuado e que “continue a deixar passar esta situação como se fosse normal”.
Indústria transformadora está alerta
“Como o que está a anunciado é apenas um dia de greve, apesar de ficarem por carregar algumas centenas de camiões de cereais, pensamos que a indústria pode acomodar a situação, até porque já estamos a alertar todos os nossos associados para os constrangimentos que daí possam decorrer”, avança ao Expresso Jaime Piçarra, secretário-geral da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA).
No entanto, nota o mesmo responsável, “o pior é se esta contestação não resolve a situação e ganha tração para novas paralisações. Aí já pode ser algo mais crítico para todo o sector da indústria transformadora”.
Há, no entanto, a esperança de que tudo acabe por se resolver como aconteceu no ano passado. E o CESP lembra que, perante um aviso de greve semelhante, e por razões idênticas, “o Ministério das Finanças e a gestão da empresa decidiram negociar três dias antes da paralisação laboral”.
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