Indústria

Greve na Silopor pode deixar centenas de camiões sem cereais para carregar

A suspensão da greve na Silopor foi vista com alívio pelo sector. Resta ver se não se irá repetir
A suspensão da greve na Silopor foi vista com alívio pelo sector. Resta ver se não se irá repetir
Luís Barra

A indústria transformadora está avisada e já se prepara para os constrangimentos que daí possam advir. Os trabalhadores da Silopor consideram “inaceitável” a proposta de aumento de 5% da massa salarial feita pela empresa, tutelada pelo Ministério das Finanças

Greve na Silopor pode deixar centenas de camiões sem cereais para carregar

Vítor Andrade

Coordenador de Economia

A greve da Silopor, anunciada esta segunda-feira pelos trabalhadores da empresa, para dia 31 de Janeiro, pode deixar navios de cereais por descarregar e centenas de camiões à espera de carga para a indústria transformadora – quer de farinhas para pão quer de alimentos compostos para animais.

Os trabalhadores exigem a integração dos mais de 20 colegas que trabalham na Silopor em regime de trabalho temporário, alguns a prestar serviço diariamente desde 2019. Mas contestam também o aumento de 5% da massa salarial, proposto por despacho do Ministério das Finanças, que tutela a empresa, que consideram “inaceitável”.

Por outro lado, os trabalhadores pretendem negociar a revisão do acordo de empresa e das carreiras profissionais aí previstas, de forma a garantir uma progressão uma “maior e mais célere progressão na carreira, até como forma de compensar os trabalhadores pelo congelamento das carreiras ocorrido no período da troika”, pode ler-se num comunicado enviado às redações pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), que representa os trabalhadores da Silopor.

O Expresso falou com os responsáveis sindicais que lamentam o facto de, por exemplo, nos silos do Beato, em Lisboa, todos os trabalhadores ligados à descarga de navios estarem em regime temporário. E consideram “estranho” que a Autoridade para as Condições do Trabalho nunca tenha atuado e que “continue a deixar passar esta situação como se fosse normal”.

Indústria transformadora está alerta

“Como o que está a anunciado é apenas um dia de greve, apesar de ficarem por carregar algumas centenas de camiões de cereais, pensamos que a indústria pode acomodar a situação, até porque já estamos a alertar todos os nossos associados para os constrangimentos que daí possam decorrer”, avança ao Expresso Jaime Piçarra, secretário-geral da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA).

No entanto, nota o mesmo responsável, “o pior é se esta contestação não resolve a situação e ganha tração para novas paralisações. Aí já pode ser algo mais crítico para todo o sector da indústria transformadora”.

Há, no entanto, a esperança de que tudo acabe por se resolver como aconteceu no ano passado. E o CESP lembra que, perante um aviso de greve semelhante, e por razões idênticas, “o Ministério das Finanças e a gestão da empresa decidiram negociar três dias antes da paralisação laboral”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: VAndrade@expresso.impresa.pt

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