28 março 2012 10:01
As ações são consideradas um investimento demasiado arriscado pela maioria dos portugueses mas permitem de facto ganhar poder de compra.
28 março 2012 10:01
Poupamos quando deixamos de consumir hoje, colocando algum do nosso dinheiro de parte, para consumirmos no futuro. Mas apenas o fazemos se ganharmos alguma coisa em poupar, ou seja, se pelo facto de termos hoje colocado de parte algum dinheiro, conseguirmos consumir mais, ou pelo menos o mesmo, amanhã. Os depósitos a prazo e outros produtos de taxa de juro são normalmente o destino das poupanças dos portugueses que, conscientes da garantia de uma rendibilidade ainda que baixa, preferem estes produtos a outros que coloquem em risco o seu capital. A história demonstra que as taxas de juro oferecidas por estes produtos são normalmente baixas e dificilmente cobrem a perda de poder de compra provocada pelo aumento dos preços. A alternativa é o investimento.
O investimento em ações é um método simples de beneficiar com a tendência natural de crescimento das economias. As ações são títulos que representam parte de uma empresa e negoceiam num mercado a um preço que depende da sua procura e oferta, flutuando ao sabor das notícias que afetam a empresa e das euforias e receios dos investidores. Esta oscilação de preços leva a que o retorno das ações não seja garantido, uma vez que o preço a que se vende é desconhecido no momento da compra. Este fator afasta muitos investidores com receio de perderem as suas poupanças. Ainda estão presentes na cabeça de muitos investidores as desvalorizações que as suas carteiras sofreram em tempos não muito distantes.
As ações beneficiam de retornos superiores no longo prazo
100$ investidos desde 1928 em ações valeriam hoje mais de 163 mil $. O mesmo investimento em bilhetes ou obrigações do tesouro valeriam hoje pouco mais de 1900$ e 5700$ respetivamente
Apesar da crise que temos vivido nos últimos anos e que tem afetado negativamente o retorno das ações, é importante salientar que este é o ativo que no longo prazo tem o maior retorno. Consultando o histórico de dados do índice acionista americano S&P 500 verifica-se que no período de 1928 a 2010 as ações tiveram um retorno anual incluindo dividendos de 9,3% ao ano, muito acima do retorno proporcionado por bilhetes do tesouro, títulos de dívida de curto prazo que renderam 3,7%, e por obrigações do tesouro, títulos de dívida de longo prazo que renderam 5%.
Se nos lembrarmos que neste período se viveram crises importantes como a grande depressão de 1929, a 2ª Guerra Mundial, os choques petrolíferos na década de 70, o crash das bolsas em 1987 e o rebentar das bolhas tecnológica em 2000 e imobiliária em 2008, não deixa de ser surpreendente como as ações demonstram ser o ativo que mais conserva valor, superando a performance dos produtos sem risco. Mesmo considerando o efeito da perda de poder de compra, as ações tiveram um retorno real anual de 5,6%, bastante acima do retorno de 0,5% e de 1,8% dos títulos de dívida de curto e de longo prazo, respetivamente.
No prazo de 30 anos, 100$ investidos em ações valem hoje 2700 $, mais que os 490$ e 1250$ dos bilhetes e obrigações do tesouro
Apesar do receio de perda de capital que está normalmente associado ao investimento nos mercados acionistas, os números demonstram que as ações são o ativo com maior retorno no longo prazo. Devem fazer parte de qualquer carteira embora de forma ajustada ao perfil de risco de cada um, diversificada e com enfoque no longo prazo. São de facto as ações que nos permitem fazer crescer as nossas poupanças e ganhar poder de compra.
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