A Aconsultiip – Associação dos Consultores de Investimento e Inovação de Portugal alerta que o novo quadro comunitário Portugal 2030 já vai com um atraso de 27 meses.
“Cerca de um terço do período de programação (2021-2027) já foi ultrapassado, atrasando os processos de renovação e de melhoria de competitividade da nossa economia”, alerta a associação liderada por Victor Cardial.
A Aconsultiip lembra que o último grande concurso para projetos de inovação produtiva para micro, pequenas e médias empresas (PME) foi lançado a 25 de junho de 2021, ainda no âmbito do velho quadro comunitário Portugal 2020. E que o atraso no lançamento do Portugal 2030 é cerca do dobro face ao registado no Portugal 2020.
Empresários e consultores continuam à espera dos novos concursos de incentivos europeus ao investimento empresarial num “ambiente de elevada turbulência e de alterações estruturais provocadas, primeiro pela pandemia de Covid-19 e seguidamente pelo aumento da inflação e da instabilidade política a nível global provocada pela guerra da Ucrânia, que se reflete agora na instabilidade do sistema financeiro, no aumento das taxas de juro e nas medidas protecionistas que se adivinham”, diz a Aconsultiip.
A associação realizou um inquérito junto dos consultores e dos empresários com o objetivo de determinar quais as consequências para a economia e para a atividade de consultoria que resultam do atraso de 27 meses no lançamento do novo quadro comunitário Portugal 2030.
Ao inquérito responderam 95 empresários e consultores que lidam com centenas de micro, pequenas, médias ou grandes empresas.
Que impacto este atraso pode trazer para a economia portuguesa? A maioria respondeu perda de competitividade (85%), redução do crescimento das exportações (61%), aumento do endividamento das empresas (52%), menor coesão entre territórios (49%) e aumento da taxa de desemprego (46%).
A que se deve o atraso no arranque do Portugal 2030? A maioria acusa de negligência as entidades nacionais e europeias envolvidas (61%), alertando para a dispersão das responsabilidades dada a diversidade de organismos envolvidos (53%) e para a burocracia da Comissão Europeia (31%). A culpa também é dos atrasos na execução do Portugal 2020 e/ou do Plano de Recuperação e Resiliência (55%) dada a falta de recursos nas instituições envolvidas (47%).
Que impacto terá o facto de não realizar este investimento para a empresa, por não ter apoio do Portugal 2030? A maioria dos empresários que respondeu ao inquérito alertou para a redução da competitividade (81%), para a dificuldade na realização dos investimentos que consideram necessários (65%) e para a menor rentabilidade do negócio (54%).
Caso não seja possível recorrer ao Portugal 2030, a maioria (52%) não realizará o investimento. Mesmo quem pretende avançar com o projeto reconhece o impacto da ausência do apoio do Portugal 2030, sobretudo a necessidade de diminuir o valor do investimento, o aumento dos gastos de financiamento e a dificuldade na realização do investimento.
Face ao atraso do lançamento do Portugal 2030, os próprios consultores tiveram de diminuir a sua atividade, enfrentando dificuldades na sustentabilidade da empresa (74%) e perda significativa de rendimentos (50%).
Na passada sexta-feira, o Governo anunciou que o primeiro concurso do Portugal 2030 para inovação produtiva das PME deverá abrir entre o final do mês de março e o princípio do mês de abril. Em jogo estarão 400 milhões de euros de fundos europeus.
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