É preciso que seja mais fácil comparar os preços de vários produtos, para que seja mais fácil, também, que os clientes mudem de banco à procura da melhor oferta. Assim, a concorrência será estimulada. A opinião é do presidente da Autoridade da Concorrência, Nuno da Cunha Rodrigues, e foi deixada esta terça-feira, 11 de abril, no Parlamento.
Segundo disse o recém-designado presidente da AdC na comissão de Orçamento e Finanças, “importa acentuar a mobilidade” nos bancos comerciais. Devem ser criados “simuladores institucionais”. Neste momento, há um comparador de comissões disponibilizado pelo Banco de Portugal, mas a Autoridade da Concorrência considera que a prática deve ser alargada, desde os depósitos a prazo até às contas de pagamento, exemplificando com o sector da energia e das telecomunicações.
Já há comparações de diferentes alternativas, mas “pode permanecer difícil para alguns”, admitiu o líder da AdC na audição agendada pelo PSD para discutir a oferta a retalho dos clientes bancários.
A informação disponível pode “promover a mobilidade de clientes”, o que poderá contribuir para a melhoria das ofertas dos bancos. A lógica é: se é mais fácil mudar de banco, a política comercial tem de ser mais generosa, tanto para atrair novos clientes como para manter os existentes. “Ao diminuir os custos de pesquisa, promove-se a flexibilidade do consumidor para mudar de banco caso existam ofertas mais atrativas, o que, em si, é passível de induzir mais concorrência na banca a retalho”, disse.
Ainda assim, Nuno da Cunha Rodrigues admite que o sector bancário em Portugal tem especificidades que fazem com que haja uma demora na subida dos juros dos depósitos face ao agravamento dos juros nos créditos, mais rápido. Desde logo, frisou o facto de os bancos terem rácios de cobertura de liquidez robustos, que não os impele a captar depósitos junto dos clientes.
O presidente da AdC defendeu “a eliminação de obstáculos desnecessários e desproporcionais ao acesso aos dados bancários e às infraestruturas bancárias por parte de novos operadores”. “Estes operadores terão incentivos para oferecer serviços a preços mais atrativos e mais inovadores, nomeadamente com processos de mudança mais simplificados e digitais”, acrescentou Nuno da Cunha Rodrigues.
Investigação a bancos arquivada
Em relação ao sector bancário, o líder da AdC confidenciou que houve dois processos de investigação sobre as práticas seguidas pelos bancos (mas não recentes, pelo que sem ligação à recente subida de juros), só que não foram detetadas práticas restritivas.
“A autoridade continuará a acompanhar este tema. Se verificar a existência de indícios, não hesitará em investigar e sancionar”, disse.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes