O programa “A Força da Economia é a Força de Portugal” garantiu, esta quinta-feira, a eleição de Armindo Monteiro como presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), naquela que foi, segundo a confederação, “a eleição mais participada de sempre para os órgãos sociais”, com 87% dos votos. O empresário de 55 anos era já vice-presidente da CIP e soma um longo percurso ligado ao associativismo empresarial.
Formado em Gestão de Empresas, pela Universidade de Évora, Armindo Monteiro é, desde 2010, acionista, presidente e CEO do Grupo LEVON, que desenvolve atividade nas áreas da engenharia e construção, ambiente e serviços, tecnologias e gestão imobiliária. No currículo soma ainda a Softline, a primeira empresa que criou, em 1994, e o Grupo COMPTA que liderou entre 2007 e 2019.
Foi, no entanto, pelo seu envolvimento ativo na vida associativa que se tornou conhecido. Foi presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), entre 2003 e 2008, e vice-presidente da Confederação Europeia de Jovens Empresários. Presidiu à Associação Nacional das Tecnologias de Informação e Eletrónica (ANETIE), também por dois mandatos, entre 2010 e 2013, tendo ainda presidido ao Conselho Geral da Universidade de Évora.
Líder focado em consensos, não receia “comprar guerras” quando as considera justas. Na presidência da CIP diz que, contrariando a estatística que marca o seu percurso, só quer cumprir um mandato. Mas enquanto o cumpre, nos próximos quatro anos, tem em cima da mesa matérias que considera prioritárias. O seu programa eleitoral - “A Força da Economia é a Força de Portugal” - mostra ao Governo o que pode esperar.
“Depois da assinatura de um acordo de concertação social, em setembro do ano passado, classificado como histórico pelo primeiro-ministro, as políticas públicas que estão a ser concretizadas não só ficam aquém das necessidades do país, como provocam um atrito contraproducente, expondo as empresas e os trabalhadores a um risco económico desnecessário”, lê-se no programa que recorda ainda que “não há coesão social sem crescimento económico. Não há melhor emprego, sem o desenvolvimento sustentável do país. Não há economia sem o envolvimento sério de empresários e sem trabalhadores".
Para que estas metas sejam cumpridas e isto aconteça da forma mais eficaz, defende o presidente agora eleito, “é fundamental que todos os partidos políticos — e em especial o Governo que hoje exerce o poder executivo — reconheçam o papel central das empresas e compreendam que é preciso ter uma ação estrutural sobre a economia, não apenas gerir o imediato, como tem acontecido demasiadas vezes”.
Alterações à lei laboral são prioridade
Armindo Monteiro tem sido particularmente crítico em relação às alterações à lei laboral aprovadas no Parlamento e prestes a entrar em vigor. E essa deverá ser a sua grande prioridade quando se sentar com o Governo e os restantes patrões e sindicatos na mesa de negociações da Comissão Permanente de Concertação Social, já a 17 de abril, data da próxima reunião.
“Não é possível negociar com as empresas os aumentos salariais para o setor privado e, à margem, alterar a legislação laboral sem avaliar os custos e os impactos reais de competitividade que terão na economia nacional. Não é assim que se valoriza a concertação social, não é assim que o país conseguirá recuperar o atraso face aos países mais desenvolvidos”, argumenta, garantindo que é sei propósito, e dos restantes órgãos sociais, participar ativamente no debate nacional sobre estas matérias e “defender as políticas que ajudem Portugal a ser mais competitivo, menos burocrático e socialmente mais coeso”.
Armindo Monteiro assume formalmente funções a 12 de abril e o acordo de rendimentos poderá ser um dos temas que tentará reabrir em sede de concertação social. “O nosso compromisso para este mandato é muito claro: defender o progresso de Portugal através da plena participação das empresas no esforço coletivo de transformação económica, desenvolvimento social e reforma do Estado, como instrumento de promoção do bem estar e da coesão social”.
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