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A nova vida dos 18 hotéis vendidos pela ECS Capital

Alexandre Solleiro regressou a Portugal para dirigir o novo grupo hoteleiro, após sair da Tivoli, onde era CEO, logo a seguir à venda à Minor na sequência do colapso do Grupo Espírito Santo
Alexandre Solleiro regressou a Portugal para dirigir o novo grupo hoteleiro, após sair da Tivoli, onde era CEO, logo a seguir à venda à Minor na sequência do colapso do Grupo Espírito Santo
Nuno Botelho

Fundo norte-americano Davidson Kempner Partners, que lidera o consórcio comprador dos hotéis anteriormente detidos por bancos nacionais, o chamado Projeto Crow - o maior negócio imobiliário de 2022 - já tem planos para expandir o portefólio em Portugal

Tal como mudaram de mãos num passado recente, têm agora novos donos — os 18 hotéis que foram parar a fundos de reestruturação da ECS Capital já tiveram várias vidas, e a mais recente resultou da sua venda em pacote a um consórcio liderado pelo fundo norte-americano Davidson Kempner Partners (DK Partners), numa operação designada de Projeto Crow. A ECS Capital ficou sem todos os ativos turísticos que tinha em carteira, pertencentes a um grupo de bancos (Caixa Geral de Depósitos, BCP, Novo Banco, Santander e Oitante), nesta transação, concluída a 29 de dezembro de 2022, envolvendo cerca de 850 milhões de euros, que foi considerada o maior negócio imobiliário de 2022 em Portugal.

O negócio deu lugar à criação de um novo grupo hoteleiro, marcando a entrada em Portugal da Highgate, parceira do consórcio comprador que é responsável pela operação de gestão (a que se soma o grupo Kronos no caso do imobiliário) e tem um portefólio com 550 hotéis a nível mundial.

Para dirigir a operação em Portugal, o grupo norte-americano foi buscar um gestor português que é rosto bem conhecido do mercado: Alexandre Solleiro, ex-CEO (presidente executivo) da Tivoli, que estava no Brasil a dirigir a cadeia hoteleira BHG (Brazil Hospitality Group) desde 2015, logo após a venda à Minor dos hotéis que pertenciam ao falido Grupo Espírito Santo.

“Já tinha planeado voltar a Portugal para me reformar, mas o regresso foi antecipado com esta oportunidade de dirigir a empresa que a Highgate criou no país para gerir os ativos que estavam dentro da transação com a ECS”, conta Alexandre Solleiro. “De uma assentada, ficámos com 18 hotéis e estamos a analisar outras oportunidades para crescer em Portugal.”

Remodelações e mudança de marca em hotéis NAU

“Este portefólio tem hotéis excecionais, e queremos ‘destravar’ todo o seu potencial”, frisa o CEO da Highgate Portugal. “A primeira etapa que estamos este ano a fazer é a integração da gestão dos 18 hotéis. É um enorme trabalho que vamos ter a unificar o portefólio e para isso já criámos uma equipa de especialistas.”

Os hotéis recentemente adquiridos, todos com cinco ou quatro estrelas, estão a ser analisados caso a caso, numa equação que inclui mudanças “para as muitas marcas internacionais com as quais a Highgate trabalha e tem acordos especiais, da família da Hilton ou do Intercontinental Group”, que podem facilmente vir para Portugal. “Em alguns hotéis NAU pode haver troca de marcas por outras de maior poten­cial, pois estamos a estudar o que fazer nos quatro hotéis nos Salgados e em São Rafael, o que inclui reposicionamento, renovação e rebranding”, adianta. “Mas a marca NAU não vai necessariamente cair, poderemos até ter mais hotéis com a marca NAU, tudo isto está a ser analisado.”

Ao mesmo tempo, o grupo norte-ame­ricano já está a avançar com remodelações no parque hoteleiro a nível nacional. “Aprovámos a renovação do NAU São Rafael Suites e do Sesimbra Hotel & Spa para avançar a seguir ao verão e vamos estudar a intervenção a fazer no resort Cascade, em Lagos”, refere o responsável da Highgate. “Sem contar com o efeito da reposição das unidades, onde vamos fazer investimentos consideráveis, em 2023 já prevemos um crescimento de 10% nos resultados dos hotéis só como efeito das novas tecnologias que estamos a trazer para Portugal em distribuição ou revenue management [gestão de receita], e que são métodos de gestão extremamente agressivos para potenciar os resultados dos hotéis.”

Com a transação mantiveram-se os 1100 trabalhadores dos hotéis

“Acabámos de chegar e já há planos de desenvolvimento”, nota Alexandre Solleiro. “Mas para a Highgate o importante nesta fase é colocar os hotéis no seu máximo de rentabilidade de receita, o que passa muito por tecnologia e implementação de sistemas avançados para termos um bakoffice de alto nível e que irá trazer melhorias imediatas nos resultados dos hotéis.”

A Highgate também está a implementar tecnologias para otimizar a gestão dos recursos humanos, tendo mantido os 1100 trabalhadores dos 18 hotéis transacionados com a ECS. “Conseguindo melhorar as ocupações nas épocas médias e baixas, também permite ter equipas mais estáveis”, lembra o diretor-geral, enfatizando o objetivo de ter pessoal “motivado e com alto nível de formação”. A Highgate promoveu uma magna reunião com os trabalhadores a 8 de março, no Algarve, numa sessão que procurou mostrar a força internacional do grupo e “o mundo novo em que estão a entrar”.

Para 2023, segundo Alexandre Solleiro, “o mercado dá sinais positivos, ainda há turbulência no mundo e não podemos atirar fogos de artifício, mas o nível de reservas dos nossos hotéis está a crescer e leva a pensar que será melhor para o turismo em Portugal”.

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