As medidas para a habitação aprovadas no último Conselho de Ministros “são castradoras” da atividade de alojamento local “e anunciam a sua morte, a um prazo muito curto”, defende a Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), em comunicado enviado às redações.
“Foi mais fácil encontrar um “papão”, considerado responsável pela falta de habitação, no país, e assim lançar para o desemprego e falência milhares de pessoas. Foi mais apelativo atacar a propriedade privada”, sustenta a associação hoteleira do Algarve, que defende “a existência de segundas residências /imobiliária turística/alojamento local, devidamente controladas e licenciadas” e contribuindo, com os seus impostos, para o crescimento do país.
“Pensar que estas medidas, no que toca ao alojamento local, resolvem ou contribuem para resolver o problema do país, em matéria de habitação, é uma falácia”, alerta a AHETA, lembrando que "além de ser imperativo garantir alojamento para conseguir contratar mais recursos humanos para as empresas, os empresários algarvios querem dar melhores condições de habitabilidade aos seus colaboradores, construindo residências, o que não conseguem em virtude da classificação dos terrenos disponíveis, que não o permite”.
Segundo a associação do Algarve, “o Governo devia focar-se em encontrar soluções para esta realidade, que muito contribuiriam para fixar mais recursos humanos, em condições dignas, no interior, em vez de tomar medidas que prejudicam uma atividade económica, que, em diferentes eixos, tanto tem vindo a contribuir para o crescimento do país”.
“O que terá o Governo a dizer às pessoas que puseram toda a sua disponibilidade financeira e muitos recorreram a créditos para desenvolver a sua atividade e agora anteveem um final muito negro?”, questiona a AHETA.
Alojamento local resolveu o problema das “camas ilegais”
Recuando “alguns anos e para relembrar os mais desatentos, entre os quais os nossos governantes”, a AHETA destaca “que um dos enormes problemas que afetavam, nessa altura, a imagem e a economia do Algarve eram as tão propagadas “camas paralelas””, falando-se então de cerca de 400 mil.
Com o advento do alojamento local, estas camas paralelas entraram no mercado legal, frisa a associação. “Gradualmente pessoas e empresas foram inscrevendo as suas casas e apartamentos, na câmara municipal” e passaram a fazer-se investimentos em aquisição de casas, recuperação de outras, até então abandonadas, com esta finalidade", passando esta atividade a “estar legal e a pagar impostos”.
“No Algarve, acreditamos que há hoje mais camas inscritas em alojamento local que em todas as outras tipologias de alojamento classificado”, avança a AHETA. Recorde-se que muitos hotéis recorrem, eles próprios, ao formato de alojamento local.
“E por que não lembrar que os cofres do Estado e das câmaras municipais também “engordaram” à custa desta atividade económica, a qual estava, até este momento num estável e em franco progresso?”, pode ler-se ainda no comunicado da AHETA.
“Em vez de fomentar e fortalecer a atividade económica de forma a angariar receitas e concentrá-las para as construções de habitações a custos controlados e consequente arrendamento a valores suportáveis pelos mais desfavorecidos", diz a associação hoteleira, “mentes iluminadas lembraram-se de a aniquilar, a curto prazo”.
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