Energia

Crise do gás na Alemanha "ainda não terminou" e mais escassez pode estar à porta, alerta regulador

Crise do gás na Alemanha "ainda não terminou" e mais escassez pode estar à porta, alerta regulador
Getty Images

O inverno foi ameno, mas o próximo - que não contará com qualquer tipo de fornecimento russo de gás - pode não ser, alerta o regulador alemão de redes energéticas. E poderá voltar a haver escassez

O regulador alemão de redes de energia, a BNetzA, disse que a Alemanha ainda não superou a crise energética na totalidade e que é possível haver mais racionamento de gás natural no próximo inverno. “Podemos, e devemos, fazer mais” para poupar, vincou o presidente do regulador. Em resumo: a crise “não terminou”.

De acordo com o Financial Times (FT) desta quinta-feira, 23 de março, o líder do regulador alemão, Klaus Müller, disse que “o perigo de uma falta de gás continua (…), dependerá muito de continuarmos a diminuir o uso de gás e assegurar a diversificação de fornecimentos à Alemanha. E há riscos”, assumiu, meses antes do primeiro inverno em que Berlim não poderá contar com qualquer tipo de gás de proveniência russa.

Antes da invasão russa da Ucrânia, 55% do consumo de gás alemão vinha da Rússia, substituídos agora por fornecimentos do Médio Oriente e Estados Unidos. A Alemanha tem atualmente as reservas a 64% após um inverno ameno, medidas de poupança de gás, e uma quebra na produção industrial.

A redução do consumo de gás foi feita “através de mudança de combustível, através de inovações técnicas de que devemos estar verdadeiramente orgulhosos, e através de cortes na produção, o que é, como é óbvio, muito doloroso”, disse o responsável, ressalvando que não conhece “nenhum empresário que não esteja preparado para fazer ainda mais poupanças para evitar escassez de gás no próximo inverno”, cita o jornal britânico.

Os riscos identificados por Müller são, segundo o FT, o aumento do consumo por parte da China no caso de uma recuperação mais rápida da economia do país asiático, provocando uma diminuição do gás disponível nos mercados e aumento do preço; e a ausência de fornecimento russo de gás em 2023, contrariamente a 2022, ano em que os gasodutos ainda levaram gás russo à Alemanha.

Sobre as intervenções do estado alemão nas energéticas Uniper e na Securing Energy for Europe (SEFE) - a antiga subsidiária da Gazprom, a Gazprom Germania, renomeada, aquando da sua nacionalização, com um nome que em português significa “Garantindo Energia para a Europa” - o regulador disse que “o modelo de negócio de ambas as empresas baseava-se na importação de gás russo e estão ainda nos cuidados intensivos”, não antecipando para breve a saída do Estado alemão do capital.

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