Estratégias

Euro coloca acções dos EUA em saldos

13 outubro 2009 16:00

Joaquim Madrinha

Euro coloca acções dos EUA em saldos

Apesar de registarem valorizações expressivas desde o início do ano, as acções norte-americanas estão baratas para os "euro investidores"

13 outubro 2009 16:00

Joaquim Madrinha

O último ano tem sido de loucos nas bolsas mundiais. Depois da falência do banco Lehman Brothers e de se verificar a maior recessão mundial desde a Grande Depressão, os índices de acções norte-americanos dispararam para valores que ninguém acreditaria no início de 2009.

Desde então, o índice Dow Jones Industrial Average (DJIA), o Standard & Poors 500 (S&P 500) e o tecnológico Nasdaq 100 acumulam valorizações de 12,4, 18,63 e 35,65 por cento, respectivamente. Os ganhos são tão expressivos que face ao ainda débil estado da economia norte-americana perecem excessivos. No entanto, apesar da valorização, para quem compra em euros, o mercado norte-americano está barato. Isto porque a desvalorização de 6 por cento do dólar face ao euro desde o início do ano comeu parte dos ganhos conseguidos pelos índices e colocou-os nos níveis mais baixos da última década. Como é patente no gráfico, desde Março que abriu a melhor época de compras para os "euro investidores" no Dow Jones e no S&P 500.







Dólar à parte

O cambio favorável é uma vantagem para os investidores da Zona Euro, mas não é tudo. Antes de avançar, convém estudar os resultados das empresas que compõem os índices, saber como estão e como estavam antes do rali, para apurar se a subida das cotações acompanhou a dos lucros das empresas ou se a valorização dos índices se deve apenas à incorporação de expectativas positivas. Calma. Não é necessário ser financeiro. Ou seja, se o valor do rácio aumentou, é sinal que as cotações subiram mais que os lucros. Caso contrário, é sinal que foi o aumento dos lucros que despoletou a valorização índices.

Perante os dados da tabela é possível concluir que foi no Dow Jones IA que os lucros dos membros mais subiram desde o início do ano, pois apesar da valorização do índice desde então, o rácio P/L até diminuiu o que significa que os ganhos do índice não acompanharam o aumento dos lucros dos componentes. Como o mesmo não se verifica nos dois outros índices, quem pretender agarrar a oportunidade cambial deve fazê-lo através de um produto que replique o índice industrial norte-americano.

Índice P/L
Actual* 1 Jan 2009 30 Set 2008
Dow Jones IA 14,23x 14,34x 12,68x
S&P 500 20,25x 13,67x 12,41x
Nasdaq 100 24,52x 16,23x 16,16x
Fonte: Bloomberg. P/L - preço/lucros por acção de 12 meses. *09 Outubro 2009

Siga o Dow Jones

O ideal para capitalizar a actual vantagem cambial seria um fundo que replicasse o desempenho do índice industrial norte-americano e, de preferência, com cobertura cambial, para não permitir que a vantagem se transforme em desvantagem. Sim, o dólar pode perder ainda mais para o euro, o que a acontecer poria a estratégia em risco, caso não se optasse por um fundo com protecção cambial. No entanto, como não há fundos índice que repliquem o índice Dow Jones IA, o caminho passa pelos fundos cotados ou ETF - Exchange Traded Funds. Eis alguns para capitalizar a vantagem. Ainda assim, cuidado: ambos têm um tracking error elevado, ou seja, não seguem o índice "ao número".

ETF Rendibilidade
1 ano
ComStage ETF Dow Jones Industrial AverageTM 0,31%
iShares Dow Jones Industrial Average 1,38%
Fonte: Bloomberg. Rendibilidades em euros. 09 Outubro 2009

Fundos hedged

Embora não tenham o índice industrial norte-americano como referência, existem muitos fundos tradicionais de acções norte-americanas que realizam cobertura cambial e que, desta forma, são uma boa oportunidade para entrar no mercado accionista norte-americano, sem correr risco cambial. Ou seja, ao optar por um destes fundos, não há prejuízo caso o dólar ainda venha a perder valor para o euro. O fundo JPMorgan US Select Equity, disponível em tranches cotadas em dólares e em euros com cobertura cambial, é um bom exemplo. No último ano, a tranche cotada em euros com protecção cambial rendeu mais 5,1 por cento que a versão do fundo cotada em dólares.

Ou seja, os fundos com cobertura cambial são uma boa opção para quem pretende aproveitar os dólares em saldo, mas ao contrário dos ETF não permitem seguir um determinado índice. Ou seja, será sempre o gestor a decidir quais as acções a incorporar na carteira do fundo. Ainda assim, e tendo em conta os resultados obtidos, vele a pena abdicar da escolha.

Sem risco cambial

A cobertura cambial permitiu a estes fundos evitar a desvalorização da moeda norte-americana

Fundo Rendibilidade

1 ano
Schroders ISF US Large Cap B Hedged EUR 22,32%
JPMorgan US Select Equity D EUR (hedged)

22,16%
Fonte: Bloomberg. Morningstar. rendibilidades anuais em euros líquidas de impostos. 12 Outubro 2009.