Gurus

Buffett, versão renda fixa

10 agosto 2009 9:00

Nuno Alexandre Silva

Buffett, versão renda fixa

O mais famoso dos investidores está a comprar mais dívida e menos acções

10 agosto 2009 9:00

Nuno Alexandre Silva

Quem não conhece Warren Buffett, não só não sabe porque motivo ele está constantemente a aparecer na lista dos homens mais ricos do mundo, como também não perceberá por que motivo a sua sucessão tem levantado tanta especulação e interesse. O homem que é o segundo mais rico do mundo, de acordo com a revista "Forbes", e que transformou, nos anos 60, uma empresa têxtil num dos maiores casos de sucesso nas bolsas com retornos anuais médios bem acima dos 20 por cento vindos da sua estratégia de escolha de acções, está agora a ajustar a sua carteira.

As novidades? Dívida de empresas e de países europeus e um menor fluxo de compra de acções. Buffett detém agora, de acordo com as informações nos resultados do segundo trimestre do ano, 11,1 mil milhões de dólares de investimentos em obrigações estrangeiras no seu negócio de seguros, um valor que engloba os 2,6 mil milhões de dólares de compra de títulos de maturidade definida entre Abril e Junho. O investidor, presidente da Berkshire Hathaway, por outro lado, gastou em acções cerca de 350 milhões de dólares, o valor mais baixo para um trimestre depois de mais de 5 anos, de acordo com a agência noticiosa Bloomberg.

Uma mesada dos títulos preferenciais

Buffett parece estar a tentar equilibrar a incerteza no mercado accionista com a certeza do rendimento fixo, como são exemplo os 8 mil milhões de dólares de títulos preferenciais do banco Goldman Sachs e da General Electric que pagam ao "Oráculo de Omaha" 10 por cento de juros anuais, mas que não são os únicos. Ao todo, o rendimento fixo valeu 1,8 mil milhões de dólares desde Setembro de 2008 e o superinvestidor tem até sido bastante arrojado comprando dívida mais arriscada (junk) que lhe valeu mais de 23 por cento de retorno no segundo trimestre de 2009.

Quanto à dívida pública, o peso dos títulos de países terceiros aumentou 16 por cento, o que poderá indiciar que Buffett está à espera do pior no que toca aos preços nos EUA, ou pelo menos, que a inflação poderá ser mais grave nos EUA do que no resto do mundo, indicou à Bloomberg Gerald Martin, professor da Kogod School of Business e um estudioso da estratégia de Buffett.

Menos acções

Numa altura em que a Berkshire Hathaway apresentou uma subida dos lucros de 14 por cento no segundo trimestre (face ao período homólogo de 2008) o investimento em acções é dos mais baixos nos últimos 5 anos. Depois de gastar 624 milhões de dólares nos primeiros três meses do ano no mercado accionista, incluindo a acção que Buffett reconheceu ser "um erro" - a petrolífera ConocoPhillips, o valor aplicado em acções na foi além dos 350 milhões. Apesar de não ser ainda conhecida a lista de acções compradas e vendidas, o sítio GuruFocus indica as compras e vendas que Buffett terá realizado, partindo da lista de maiores posições na carteira presente nos resultados da companhia. As conclusões apontam para a compra de mais acções da Johnson & Johnson e do banco Wells Fargo e para a venda da ConocoPhillips. American Express, Coca-Cola, Kraft Foods e Procter & Gamble mantiveram-se nas mesmas proporções na carteira do investidor do Nebraska, segundo o sítio que segue os principais gurus de investimento.