Boas e Baratas

Boas & Baratas: Procure firmas que se multiplicam

1 setembro 2009 0:00

David Almas

Boas & Baratas: Procure firmas que se multiplicam

Não aceite menos de 10% de crescimento dos lucros, mas tenha atenção ao preço das acções

1 setembro 2009 0:00

David Almas

Antes de decidir o que procura, precisa de saber onde fazer a busca. A selecção das Boas & Baratas é realizada juntos das bolsas mais acessíveis aos investidores nacionais: Lisboa, Madrid, Paris, Amesterdão, Bruxelas, Frankfurt, Londres e Nova Iorque. Contudo, a escolha cingiu-se aos índices mais restritos, por exemplo o PSI-20 em Portugal e o Standard & Poor's 100 nos EUA. Resumidamente: as Boas & Baratas foram colhidas a partir do universo ZIB, que conta com 372 acções.

A primeira regra das Boas & Baratas é encontrar empresas que apresentam crescimentos elevados do lucro. Mais tarde ou mais cedo, esse lucro será convertido em dividendos, a principal remuneração dos accionistas. Nesta diligência procurámos as firmas que registaram um crescimento anual dos lucros superior a 10% nos últimos 5 anos. Contudo, de modo a evitar adquirir acções sobrevalorizada pelos investidores que só estão interessados em crescimento, limitámos o preço do título ao equivalente a 12 vezes o lucro por acção obtido nos últimos 4 trimestres fiscais. Esta última regra é o mesmo que impedir a compra de acções de empresas com rácio de preço-lucros inferior a 12. O rácio P/L (conhecido na terminologia inglesa por PER ou P/E) é um dos mais populares entre os investidores.

As duas regras - crescimento anual superior a 10% e P/L inferior a 12 - permite encontrar as seguintes quatro "boas" acções. Depois de as conhecer, avance para as "baratas".

Banco Santander

É o maior banco da Zona Euro: tem 90 milhões de clientes, incluindo os portugueses do Santander Totta. O crescimento da instituição financeira é um misto de fusões e aquisições: depois do Banco Santander se ter fundido com o Banco Central Hispano em 1999, seguiu-se uma série de aquisições, incluindo o brasileiro Banco Real, o norte-americano Sovereign e os britânicos Abbey, Alliance & Leicester e o negócio de balcão do Bradford & Bingley. No primeiro semestre de 2009, Espanha foi responsável por 27% do volume de negócios, seguida dos 18% do Brasil e dos 16% do Reino Unido.

Crescimento dos lucros: 19,45%

P/L: 9,49x

Sector: Banca comercial

Bolsa: Madrid

ZIB: ★★★★★

Web: www.santander.com

Petrobras

A Petróleo Brasileiro (ou, na versão curta, Petrobras) é a maior firma do hemisfério do Sul. É uma companhia petrolífera semipública (o Estado brasileiro controla quase um terço do capital). A Petrobras opera em toda o processo produtivo do petróleo, da extracção à comercialização dos seus derivados através de mais de 8000 postos de abastecimento, passando pela refinação. Em 2008, a sociedade brasileira era a quarta maior petrolífera em termos de reservas provadas e a quarta maior produtora de petróleo e gás. O plano de negócios prevê um crescimento da produção de 8,8% por ano até 2013.

Crescimento dos lucros: 14,37%

P/L: 8,67x

Sector: Petróleo

Bolsa: Nova Iorque

ZIB: ★★★★★

Web: www.petrobras.com.br

Raytheon

A Raytheon é a maior fabricante de mísseis guiados do mundo. Ela é responsável pela produção dos Tomahawk, dos Patriot e dos Maverick, entre outros, sendo por isso fornecedora de um vasto número de forças armadas, incluindo a Força Área Portuguesa, cujos F-16 carregam Mavericks nas suas asas. Porém, a Raytheon é mais do que mísseis: também desenvolve sistema de controlo aéreo, radares, sensores de satélites, sistemas de comunicação, equipamento de detecção de radioactividade, semicondutores e sistemas antimíssil. Como empresa de defesa, os seus clientes são na esmagadora maioria governos.

Crescimento dos lucros: 56,59%

P/L: 10,51x

Sector: Defesa

Bolsa: Nova Iorque

ZIB: sem recomendação

Web: www.raytheon.com

Telefónica

Depois de ter ultrapassado a norte-americana AT&T em Novembro de 2007, a Telefónica colocou-se na terceira posição da lista dos operadores de telecomunicações com mais clientes, só atrás da China Mobile e da Vodafone. No final do primeiro semestre tinha 240 milhões de clientes. Não é só em Espanha que ela factura: 60% do volume de negócios é obtido fora da Ibéria. A Telefónica é líder de mercado no Brasil, na Argentina, no Chile e no Peru, mas ainda opera no Reino Unido, na Alemanha, na República Checa, entre muitos outros países. Além das telecomunicações fixas e móveis, o grupo espanhol tem ainda a Terra, a marca comercial que proporciona serviços interactivos e conteúdos na internet espanhola e latino-americana.

Crescimento dos lucros: 27,72%

P/L: 10,65x

Sector: Telecomunicações

Bolsa: Madrid

ZIB: ★★★★★

Web: www.telefonica.es

Fonte: Bloomberg, sociedades. Crescimento dos lucros = crescimento médio dos lucros anuais nos últimos cinco anos. P/L = preço ÷ lucros de 12 meses por acção. Margem de manobra = activo circulante + imobilizações corpóreas - passivo circulante (informação da última apresentação de resultados trimestral). Capitalização bolsista = Preço × número de acções. 31 de Agosto de 2009