1 setembro 2009 0:00
Boas & Baratas: Compre abaixo do valor justo
O mercado está barato, por isso não precisa de estar a desembolsar um prémio para ficar com acções com um forte potencial
1 setembro 2009 0:00
Depois das "boas", as "baratas". A pergunta que os investidores devem responder para encontrar acções baratas é directa: quanto está disposto a pagar por uma sociedade que irá vender aos pedaços? Se a Belmiro de Azevedo o deixasse lançar com sucesso uma oferta pública de aquisição sobre a Sonae Indústria, bastava que tivesse 350 milhões de euros, um valor que ultrapassa a capitalização bolsista da firma (140 milhões de acções a 2,481 euros, ou seja, 347,34 milhões de euros). Depois de a controlar, poderia exigir dos clientes cerca de 211 milhões de euros, segundo o balanço a 30 de Junho, mas teria de pagar 492 milhões aos fornecedores, aos bancos e a outros credores de curto prazo. Se tiver tempo, ainda consegue vender os contraplacados e outros derivados de madeira que estão nos armazéns (que valem cerca de 160 milhões de euros), recupera alguns dívidas (45 milhões de euros) e vende as fábricas e equipamento (1224 milhões de euros), ao que junta ao dinheiro que está no banco (cerca de 27 milhões de euros). No final, por algo que lhe custou menos de 350 milhões de euros recebeu 1775 milhões de euros. Há melhor desconto? Obviamente, esta lógica é muito simplista. Há outros elementos do balanço importantes, como as dívidas de longo prazo.
Uma acção é barata (no espírito das Boas & Baratas) se a sua margem de manobra, que resulta da soma do activo circulante e das imobilizações corpóreas menos os passivos circulantes, for superior à capitalização bolsista da empresa, que é o valor de mercado de todas as suas acções. Foi assim que encontrámos as seguintes quatro acções. Depois de as conhecer, avance para os títulos que são simultaneamente "boas" e "baratas".
Mota-Engil
A engenharia e construção é a principal actividade da Mota-Engil, mas, ao abrigo do plano estratégico que decorre até 2013, o grupo quer diversificar para actividades com elevada rendibilidade. Neste momento, já actua na área do ambiente e dos serviços e nas concessões de transportes. A expansão programada destina-se a três grandes mercados: Europa Central, África e América. Jorge Coelho, o presidente executivo da Mota-Engil, projecta que o grupo facture 3650 milhões de euros em 2013, quando teve um volume de negócios de 1869 milhões de euros em 2008, com os novos negócios a representarem 225 milhões dessa facturação.
Margem de manobra: 1783 milhões de euros
Capitalização bolsista: 698 milhões de euros
Sector: Construção
Bolsa: Lisboa
ZIB: ★★★★★
Web: www.mota-engil.pt
Norfolk Southern
É a terceira maior companhia de caminhos-de-ferro dos EUA: controla 34 600 quilómetros de linhas em 22 estados, bem como no Distrito de Colúmbia e na província do Ontário, no Canadá. A sua maior fonte de receita é o transporte de carvão das minas do Kentucky, da Pensilvânia, do Tennessee e das Virgínias para as unidades energéticas junto dos centros urbanos. Só depois é que o transporte de pessoas aparece como fonte de receitas do grupo transportador.
Margem de manobra: 15 751 milhões de euros
Capitalização bolsista: 11 767 milhões de euros
Sector: Caminhos-de-ferro
Bolsa: Nova Iorque
ZIB: sem recomendação
Web: www.nscorp.com
Sonae Indústria
É cada vez menos líder mundial no negócio dos aglomerados e outros derivados de madeira: a Sonae Indústria está a passar um mau bocado. A firma liderada por Carlos Bianchi de Aguiar está a tentar encontrar o equilíbrio no balanço. A última medida anunciada para chegar a essa meta foi a venda da Tafisa Brasil à Placas do Paraná, que permitiu um encaixe de 116 milhões de euros. Embora se chame "Sonae", esta empresa multinacional está fora do universo da "holding" Sonae SGPS. O clã Azevedo, liderado por Belmiro de Azevedo, controla 51% das acções da Sonae Indústria através da Efanor.
Margem de manobra: 1331 milhões de euros
Capitalização bolsista: 347 milhões de euros
Sector: Derivados de madeira
Bolsa: Lisboa
ZIB: ★★★★★
Web: www.sonaeindustria.com
Sonae SGPS
Os tentáculos da Sonae SGPS estão lançados sobre várias actividades: no retalho alimentar (Modelo, Continente e outros), retalho não alimentar (SportZone, Modalfa, Worten e outros), centros comerciais (via Sonae Sierra), tecnologia, média e tecnologia (através da Sonaecom, que controla, por exemplo, a Optimus, o Clix e o jornal "Público"). O grupo conta ainda com outros investimentos que não se inserem nas actividades anteriores, como o negócio segurador da MDS, a maior corretora de seguros nacional. O negócio do retalho alimentar é claramente o que mais contribui para o grupo: 55% da facturação do primeiro semestre.
Margem de manobra: 2228 milhões de euros
Capitalização bolsista: 1718 milhões de euros
Sector: Hipermercados
Bolsa: Lisboa
ZIB: ★★★★★
Web: www.sonae.pt
Fonte: Bloomberg, sociedades. Margem de manobra = activo circulante + imobilizações corpóreas - passivo circulante (informação da última apresentação de resultados trimestral). Capitalização bolsista = Preço × número de acções. 31 de Agosto de 2009