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Muito mais que uma OPA

4 novembro 2009 16:30

Joaquim Madrinha

Muito mais que uma OPA

Nas entrelinhas do negócio da compra da Burlington Northern Santa Fe pela Berkshire Hathaway, Buffett fez duas recomendações de investimento. Saiba quais

4 novembro 2009 16:30

Joaquim Madrinha

Warren Buffett "chegou-se à frente". O carismático investidor lançou ontem as bases daquele que será o seu maior negócio de sempre: a compra da Burlington Northern Santa Fe (BNSF), a maior companhia ferroviária dos Estados Unidos da América (EUA). A Berkshire Hathaway, presidida por Buffett irá pagar 36 mil milhões de dólares para adquirir os cerca de 77,4 por cento de acções da BNSF que ainda não detinha, confiante que a empresa irá beneficiar da retoma da economia dos EUA. "É um 'tudo ou nada', no futuro económico dos EUA", disse Buffett.

Foi uma excelente notícia para quem já detinha acções da companhia, incluindo para a já accionista Bershire Hathaway. Buffett ofereceu 100 dólares por cada acção da empresa, cerca de 31 por cento acima do preço de fecho das acções no dia anterior à oferta pública de aquisição. Mas, para quem não tinham acções da empresa ferroviária, também.

As recomendações por detrás do negócio

O facto de ser o "guru" dos mercados financeiros mais respeitado do mundo, como foi demonstrado por uma sondagem realizada pela Bloomberg no final de Outubro, trouxe confiança aos mercados financeiros. Indirectamente, Buffett recomendou investir no mercado accionista norte-americano ao demostrar confiança na recuperação da economia do país e, em particular, no carvão como matéria-prima.

Para Jack Ablin, chefe de investimento do banco Harris Private Bank, a compra da BNSF pela Berkshire Hathaway marca igualmente uma aposta no futuro do carvão. "Buffett está a tentar entrar no sector do carvão de uma forma barata", disse o especialista à Reuters.

O carvão é o combustível fóssil mais utilizado no mundo para produzir electricidade e os EUA, que não são excepção, são o "Médio Oriente do carvão", o combustível fóssil com maior "prazo de validade".

Buffett não comprou uma companhia de transporte ferroviário para explorar carvão, mas a visão de longo prazo do guru está lá: ganhar indirectamente com aumento da procura do carvão como combustível fóssil. É aqui que os investidores que ficaram de fora deste negócio podem lucrar com ele ao investir em empresas que exploram carvão e o fundo cotado Market Vectors Coal, o instrumento ideal.

Siga este ETF

Investir directamente em acções de uma empresa do sector é uma hipótese, porém mais arriscada devido ao risco específico da empresa e à concentração do investimento, exactamente os riscos que o Exchange-Traded Fund (ETF) não tem. Quem comprar o Market Vectors Coal, está a investir em 39 empresas do sector mundial do sector. Ou seja, apesar de ser um investimento concentrado num único sector - não deve pesar mais de 5 por cento de um portefólio - diversifica o risco específico das empresas, o geográfico e até o cambial, dadao que investe em empresas cotadas em moedas que poderão valorizar face ao dólar. No entanto, como é cotado em dólares, o risco cambial deste ETF deve ser ponderado.

No último ano, este ETF rendeu mais de 51,2 por cento e registou uma volatilidade de 61,7 (risco muito alto). Ou seja, apesar de ser uma matéria-prima "conservadora", na bolsa, o sector só é aconselhado a investidores agressivos. É por isso que deve ser encarado como uma aposta de longo prazo. Aliás, se não fosse, o Oráculo de Omaha, como também é conhecido Warren Buffett, não o recomendava.