19 janeiro 2009 14:13
Os especialistas da Economist Intelligence Unit avisam que a crise pode ser mais grave do que se espera e que um cenário de deflação global não está afastado. Para Portugal, consideram que vai forçar a entendimentos políticos, até porque esperam que o PS vença sem maioria absoluta.
19 janeiro 2009 14:13
"O ambiente político mudou mais nos últimos seis meses do que nos últimos 25 anos", diz Dan O´Brien, editor da revista britânica The Economist e da unidade de análise económica Economist Inteligence Unit (EIU). Em declarações ao Expresso, horas antes da quarta conferência anual da The Economist em Portugal, O´Brien explica que a crise financeira veio dar uma abertura aos Governos para actuarem de uma forma que, até então, seria impensável, em termos de política orçamental, concorrência ou ajudas a sectores e empresas.
Apesar de já ser negra, a situação pode ainda agravar-se. Como alerta Dan O´Brien:"Isto não é uma tempestade como muitas pessoas falam, não é um fenómeno meteorológico mas geológico. A paisagem económica está a mudar e as movimentações tectónicas estão a ser maiores do que prevíamos." O economista não arrisca, no entanto, um valor na escala de Richter. Garante que a "recessão global pode ser mais profunda e longa do que antecipámos".
Se os números de Teixeira dos Santos eram maus, estes são péssimos e saíram mais ou menos em linha com a revisão extraordinária das projecções da Comissão Europeia divulgadas hoje.
Sobre a queda nos preços em 2009, Dunning não é demasiado pessimista e apela mesmo a alguma cautela na análise, já que, por um lado, é uma descida muito próxima de zero, e, por outro, deverá ser apenas transitória e durante este ano. "Não deve haver um período sustentado de queda dos preços", sublinha.
Crise força entendimentos
A EIU prevê que o Partido Socialista vença as eleições legislativas mas sem maioria absoluta. Um resultado que, a confirmar-se, implicaria que José Sócrates governasse sem maioria na Assembleia da República ou então que avançasse para uma coligação.
Dunning não avança cenários sobre uma eventual coligação ou sobre o partido que poderá fazer parte dela juntamente com os socialistas. Refere apenas que "a situação económica vai pressionar entendimentos".