Economia

Alemã E.ON vai dispensar 11 mil trabalhadores

12 dezembro 2011 8:27

A energética E.ON vai despedir 11 mil funcionários a nível mundial. Na Alemanha serão dispensados seis mil trabalhadores.

12 dezembro 2011 8:27

A energética alemã, que pretende comprar a quota do Estado português na EDP, vai dispensar 11 mil dos seus 80 mil funcionários a nível mundial, confirmou hoje um porta-voz da empresa.

Só na Alemanha a E.ON prescindirá de seis mil trabalhadores, cerca de três mil através da pré-reforma, noticiou o matutino Rheinische Post.

Os negócios da E.ON foram afetados pela decisão do governo germânico de encerrar todas as centrais nucleares até 2022, e também porque as suas apostas no setor do gás natural não têm dado o rendimento previsto.

Aposta nas renováveis

Entretanto, a maior energética alemã tenciona apostar mais nas energias renováveis e fez uma oferta vinculativa para compra da participação do Estado português na EDP, noticiou o semanário Der Spiegel.

A mesma publicação refere que, em reunião realizada na quinta-feira, o conselho fiscal da E.ON deu "luz verde" ao presidente executivo, Theyssen, para avançar com a operação, que consiste na compra a Portugal da sua quota de 21,35 % na EDP.

O governo português reduziu recentemente a quatro os candidatos à compra da referida quota, dando também preferência aos alemães.

Além da E.ON, os outros candidatos escolhidos foram as brasileira Electrobras e Cemig e chinesa Three Gorges.

Portugal tenciona concluir o processo de privatização da EDP, incluído nas medidas de ajustamento orçamental negociadas com a "troika", até ao final deste ano.

A participação da E.ON na EDP é encarada como parte da nova estratégia da empresa de Dusseldorf para investir mais em energias renováveis em Portugal, nomeadamente na energia eólica e na energia solar.

Interesse no Brasil

Com a aquisição da EDP, o gigante alemão podia tornar-se líder do mercado mundial no setor das renováveis, segundo as mesmas fontes.

Além disso, a EDP opera no Brasil, o que também foi importante para despertar o interesse germânico na empresa liderada por António Mexia.

A E.ON supõe que os investidores chineses tenham feito uma proposta mais avultada, mas considera que tem hipóteses de ganhar o concurso, graças aos planos de investir nas energias renováveis em Portugal.

Assim, se o governo português decidir vender a sua quota na EDP à E.ON, esta poderá deslocar para Portugal os departamentos que estarão envolvidos nos projetos com fontes renováveis, adianta o Der Spiegel.

A E.ON recusou-se, até agora, a comentar a notícia. Os quatro grupos concorrentes à privatização da EDP entregaram na sexta-feira as propostas

vinculativas à compra da posição pública na elétrica, que deverá estar concluído até ao final de janeiro do próximo ano.

Pelo caminho ficaram a indiana Birla, por não satisfazer as condições do governo societário nem o preço, e a japonesa Marubeni devido a uma avaliação menos satisfatória do projeto estratégico.

Em conferência de imprensa sobre as conclusões da troika, em meados de novembro, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, afirmou que a privatização da EDP deverá estar concluída em janeiro do próximo ano.