Economia

PRR 2.0: cada euro investido será multiplicado por 5,8 ao longo de 20 anos

PRR 2.0: cada euro investido será multiplicado por 5,8 ao longo de 20 anos
Mathieu Stern/unsplash

Efeito multiplicador do Plano de Recuperação e Resiliência na economia portuguesa deverá aumentar com o aumento de 33% das verbas europeias e a maior aposta na inovação das empresas

O Governo prevê que a nova versão do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR 2.0) tenha um impacto económico superior à primeira versão de 2021 (PRR 1.0). O multiplicador acumulado ao longo de 20 anos deste plano a executar até 2026 deverá subir de 5,3 para 5,8, graças à reprogramação dos fundos submetida esta sexta-feira à Comissão Europeia.

“Da avaliação dos impactos das medidas constantes do PRR resulta um multiplicador acumulado ao longo de 20 anos de 5,8. Ou seja, cada euro investido ao longo do período 2021-2026 no âmbito do PRR traduz-se num ganho acumulado de cerca de seis vezes superior ao longo dos próximos 20 anos”, lê-se na Adenda divulgada pela Estrutura de Missão Recuperar Portugal.

Basta notar que a capacidade de financiamento do PRR aumentou 33% com a atualização prevista nesta Adenda. O envelope de fundos da ‘bazuca’ europeia subiu de 16,6 mil milhões de euros no PRR 1.0 para 22,2 mil milhões de euros no PRR 2.0, engordando mais 2,4 mil milhões em subvenções e 3,2 mil milhões em empréstimos a pagar à União Europeia. O maior reforço foi para as Agendas de Inovação Empresarial, a maior medida do PRR que envolve consórcios entre empresas e centros de investigação para fazerem chegar ao mercado produtos ultrainovadores.

No PRR 1.0, os investimentos com maior efeito multiplicador na economia portuguesa eram na educação e emprego (multiplicador de 6,2); na inovação (5,9) e nas infraestruturas de saúde (5,7). Agora, com a canalização de mais verbas sobretudo para as empresas, os investimentos com maior efeito multiplicador são na inovação (6,7) e no crescimento através da digitalização, da capacitação, da capitalização, do aumento da base exportadora ou da reindustrialização. Segue-se a educação e emprego (6,5) e a redução dos custos de contexto (4,6).

Para avaliar o impacto do PRR, o governo recorreu ao QUEST III R&D, “uma ferramenta de modelização da economia particularmente adequada à quantificação do impacto de reformas estruturais e de investimentos estruturantes no produto potencial. Para os seus efeitos sejam corretamente captado pelo modelo é necessário, sempre que possível, converter os investimentos e as reformas em indicadores quantitativos que espelhem, de forma adequada, a transformação estrutural subjacente”.

Da aplicação do modelo QUEST III R&D à avaliação dos impactos do conjunto de investimentos e reformas do PRR, “estima-se que o PIB potencial estará cerca de 4,1% acima do nível que se registaria num cenário sem PRR ao fim de 20 anos”, lê-se na Adenda. “Os resultados obtidos indicam que as alterações previstas na atualização do PRR reforçam o impacto no PIB potencial em 1 ponto percentual (p.p.) a 20 anos face ao impacto previsto no plano inicial (3,1% a 20 anos)”.

Este aumento no produto potencial materializa-se em grande parte na primeira década, altura em que o nível do PIB potencial em volume aumenta 2,8% face ao cenário sem PRR.

Adicionalmente, as medidas consideradas resultam ainda num aumento do emprego potencial (taxa de emprego) de 1,0 pp e do saldo orçamental de 1,1 pp no longo prazo. O efeito do PRR 2.0 também é positivo, estimando se um impacto a 20 anos superior em 0,2 p.p. e 0,3 p.p. respetivamente, face ao previsto no PRR 1.0.

No documento, explica-se que “os impactos estimados dizem respeito à diferença na trajetória do crescimento potencial das variáveis analisadas face a um cenário base, onde a economia não é afetada pelas reformas ou investimentos do PRR. O cenário base, decorrendo de um modelo estrutural, não considera eventuais efeitos da pandemia COVID-19, bem como consequências da ação militar na Ucrânia, ou as atuais pressões inflacionistas”.

Os impactos apresentados “englobam, além das medidas do PRR inicial, o efeito das medidas adicionais e de reforço previstas na atualização do PRR, e têm em consideração revisões no perfil projetado para a execução dos fundos europeus no período 2023-2026, ajustados em conformidade com a informação sobre a execução até 2022”.

Relativamente às medidas do PRR original, e para efeito deste exercício de avaliação, “assumiu-se um aumento dos custos em linha com a revisão da inflação projetada para o período 2021-2026, que seria compensado por empréstimos PRR, de modo a assegurar o cumprimento atempado dos marcos e metas acordados. Este ajustamento baseia-se na evolução projetada para o índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC), não captando com exatidão as alterações de custos associadas a projetos específicos”.

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