“A educação fecha o círculo porque nos coloca em igualdade. Capacita, fornece dados, linguagens, ferramentas. Independentemente de onde vimos, independentemente de aonde queremos chegar”. A citação é do Manifesto - Prémio Sonae Educação, a mais recente iniciativa do grupo liderado por Cláudia Azevedo, que lançou esta quarta-feira um apoio no valor de 100 mil euros com o objetivo de “distinguir e apoiar projetos inovadores de melhoria dos modelos de aprendizagem e de promoção do acesso à educação, contribuindo para eliminar ou mitigar fatores de desigualdade ou exclusão social”.
Ao mesmo tempo, a iniciativa valoriza o legado de Belmiro de Azevedo (1938 - 2017), o homem que pegou numa pequena empresa em dificuldade e a transformou num dos maiores grupos privados portugueses, consciente de que o seu próprio percurso “só foi possível devido às oportunidades que teve para desenvolver o seu potencial através dos estudos”, como refere o comunicado de lançamento do prémio.
"Num país onde um quinto das crianças com menos de 18 anos vivem em situação de pobreza ou exclusão social", o próprio Belmiro de Azevedo, na hora de passar o testemunho da liderança da Sonae ao filho Paulo Azevedo, em 2015, anunciou a sua aposta pessoal no sector da educação e a criação de um novo think tank dedicado ao tema.
“Estamos a criar um think-tank de educação em Portugal, encabeçado pela Fundação [Belmiro de Azevedo], ao qual dedicarei parte substancial do meu tempo futuro”, anunciou então o empresário, assumindo que, aos 77 anos, a nova fase da sua vida seria “um verdadeiro restart em termos de competências e conhecimento”.
Consciente de que a ciência "avança à velocidade da luz", Belmiro de Azevedo disse então que ia voltar a estudar, como no início, e trataria de compatibilizar os estudos com a atenção à educação em diferentes frentes, no think-tank, na presidência do conselho de administração da Porto Business School ou no Colégio da Efanor, aberto pela Fundação Belmiro de Azevedo.
Oito anos depois, ao anunciar o lançamento do prémio Sonae Educação, João Günther Amaral, membro da comissão executiva da Sonae, reitera: “Vivemos numa sociedade em profunda mudança, onde o que hoje estudamos amanhã já estará obsoleto. É fundamental garantir o acesso contínuo a modelos de educação inovadores que se reinventem ao longo do tempo”.
“A educação desempenha, por isso mesmo, um papel fundamental no desenvolvimento social e económico das nossas sociedades, ao ser essencial para a existência de indivíduos informados e tolerantes, para o crescimento sustentável e para combater as desigualdades. Daí a nossa aposta num prémio que privilegia o acesso inclusivo e a modernização dos atuais modelos de ensino, a maior parte deles sem evolução ao longo das últimas décadas”, acrescentou o gestor.
A iniciativa é aberta a projetos destinados a qualquer fase do ciclo de aprendizagem, desde o pré-escolar até à formação superior, passando pela formação e requalificação ao longo da vida de profissionais no ativo ou no desemprego, e os vencedores podem receber até 50 mil euros por projeto.
O júri do “Prémio Sonae Educação” é composto por Domingos Fernandes, presidente do Conselho Nacional de Educação, Neuza Pedro, investigadora no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, Inês Sequeira, fundadora e diretora da Casa do Impacto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, David Justino, da Fundação Belmiro de Azevedo e membro do conselho Edulog, e por João Günther Amaral, membro da comissão executiva da Sonae.
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