Preços das telecomunicações tiveram em março maior aumento em quase 30 anos
Depois do aumento homólogo de 4,8% em fevereiro, a variação dos preços da telecomunicações de março foi de 5,7%, a maior desde abril de 1994, segundo a Anacom
Depois do aumento homólogo de 4,8% em fevereiro, a variação dos preços da telecomunicações de março foi de 5,7%, a maior desde abril de 1994, segundo a Anacom
Jornalista
Os preços das telecomunicações em Portugal aumentaram, em março deste ano, 5,7% face ao mês homólogo, a maior subida desde abril de 1994, de acordo com dados da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), divulgados esta segunda-feira, 24 de abril
A subida deveu-se à atualização dos preços nos serviços conjuntos de telefone, televisão, e internet e nas tarifas móveis levada a cabo pelas operadoras em linha com a variação do índice de preços no consumidor (IPC) do ano passado, vulgo taxa de inflação.
Março foi o mês em que a Vodafone, uma das três grandes operadoras de telecomunicações, implementou o ajuste de preços com base na inflação média de 2022, de 7,8%; seguindo-se à NOS e à Meo, que aumentaram os preços na mesma ordem em fevereiro.
Face ao mês anterior, a subida dos preços das telecomunicações em março foi de 1,7%, segundo a Anacom.
O aumento de 5,7% em março ficou 1,8 pontos percentuais abaixo da taxa de inflação estimada para o mês, de 7,4%.
“Por subgrupo, de acordo com o Eurostat, as taxas de variação média dos últimos 12 meses foram de 3,8% e 0,5% nos serviços em pacote e nos serviços telefónicos móveis, respetivamente”, detalha a Anacom.
Em Portugal, os preços das telecomunicações subiram, na média dos 12 meses até março, 2%. Um registo que fica abaixo da taxa de inflação média desse período, de 8,7%; mas que ainda assim é bem superior à taxa de variação média dos 12 meses na União Europeia (UE): nos 27, os preços das telecomunicações subiram apenas 0,2% nesse período.
Portugal foi, entre os 27, o 10.º país com maior variação de preços, numa lista encabeçada pela Polónia, com um aumento médio de 5,4% nos 12 meses até março; com os Países Baixos a registarem a maior queda de preços na UE, com -3,8%.
Desde 2010, “em termos acumulados, os preços das telecomunicações cresceram 17,2% desde o final de 2010 enquanto o IPC cresceu 24,4%”, diz a Anacom, especificando que “entre 2015 e 2019, a variação acumulada dos preços das telecomunicações foi superior à variação acumulada do IPC devido aos “ajustamentos de preços” efetuados pelos principais prestadores.”
“Em 2019, a diminuição da divergência entre os dois índices deveu-se, sobretudo, à entrada em vigor do Regulamento (UE) 2018/1971 do Parlamento Europeu e do Conselho que impôs um preço máximo às chamadas e SMS internacionais intra-UE. Caso não tivesse ocorrido a redução de preço das chamadas intra-UE, estima-se que os preços das telecomunicações teriam crescido 21,1% desde o final de 2010, encontrando-se, em termos acumulados, 3,4 p.p. abaixo da variação do IPC neste período. A partir do final de 2021, o IPC passou a crescer a um ritmo superior aos preços das telecomunicações", detalha.
Numa comparação mais recuada temporalmente, “entre o final de 2009 e março de 2023, os preços das telecomunicações em Portugal aumentaram 15,1%, enquanto na UE diminuíram 8,4%. Uma análise comparativa mais pormenorizada permite constatar que, entre o final de 2009 e março de 2023, os preços das telecomunicações diminuíram 11,6% na Croácia, enquanto no Chipre, na Eslovénia e em Portugal aumentaram 0,9%, 1,0% e 15,1%, respetivamente”.
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