Depois de reforçarem o escrutínio às tecnológicas em anos recentes, as autoridades de Pequim estarão agora focados em conter o nascimento de “elites financeiras”, isto é, indivíduos que enriquecem à frente de bancos ou fundos.
Segundo o Financial Times desta segunda-feira, 10 de abril, a Comissão Central de Inspeção Disciplinar, o órgão de luta contra a corrupção do Partido Comunista Chinês (PCC) encetou um combate “resoluto” às nascentes elites financeiras, um grupo de pessoas com o “objetivo errado” de conseguirem lugares de poder no setor, acusando-os de “hedonismo” e de “estilos de vida de luxo”.
Com base nestes argumentos estão a ser investigados mais de 12 profissionais da banca. Um deles é Liu Liange, presidente do Bank of China até março deste ano. Acusado de corrupção, foi obrigado a demitir-se.
Profissionais do setor financeiro especializados em contratos de leasing e em crédito para o setor industrial estão igualmente a ser alvo de investigação na China, como Cong Lin, financeiro do banco de investimento chinês China Renaissance.
Outros exemplos são o fundador deste banco, Bao Fan, que terá sido detido em fevereiro, tendo desaparecido da vida pública desde então; e o antigo presidente do conglomerado Everbright, em sérias dificuldades financeiras desde 2021, Li Xiaopeng, foi acusado de receber 13 milhões de euros em subornos a troco de créditos a empresas.
Segundo o jornal britânico, esta pressão regulatória e judicial levou a uma revisão em baixa das remunerações dos gestores no último ano, entre salários e bónus; tal como os salários dos reguladores do setor financeiro.
Noutra vertente do setor financeiro, o Financial Times avança que aumentaram as auditorias surpresa a fundos de capital de risco.
Estas medidas enquadram-se naquilo que o presidente do PCC, Xi Jinping, anunciou, em outubro, como a reforma do setor financeiro e uma maior regulação deste para forçar o setor a servir a economia real.
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