Economia

Costa mantém apoio a proibição de novos carros a combustão após 2035 e está "agradado" com mensagem confiante de Lagarde

António Costa em Bruxelas
António Costa em Bruxelas
JOHANNA GERON/REUTERS

“Devemos manter as metas para a transição ecológica”, disse António Costa, relativamente à proibição das vendas de carros novos a combustão a partir de 2035. O primeiro ministro mostrou-se ainda agradado com "mensagem de confiança" de Lagarde referente ao sistema bancário europeu

Portugal mantém o apoio à proposta de proibição das vendas de automóveis novos a combustão a partir de 2035, no âmbito do Pacto Ecológico Europeu, e que a Alemanha e Itália anunciaram querer rever, disse esta sexta-feira o primeiro-ministro.

"Não, Portugal não está a pensar mudar de posição, acho que é muito claro que devemos manter as nossas metas para a transição ecológica", disse António Costa, em declarações aos jornalistas no final do Conselho Europeu.

O primeiro-ministro destacou a necessidade da descarbonização da economia, que deve ser concretizada "tendo uma visão aberta sobre o conjunto das tecnologias que pretendem alcançar este objetivo", de atingir a neutralidade climática da União Europeia (UE) até 2050.

Costa salientou a existência de alternativas aos motores de combustão a gasolina e diesel, como as baterias a lítio, e que a tecnologia está em constante evolução, como no que respeita ao hidrogénio.

A Comissão Europeia propôs a proibição de venda, na UE, de novos automóveis ligeiros com motores de combustão a partir de 2035, num esforço de luta contra as alterações climáticas.

Recentemente, a Alemanha contestou esta decisão, com a qual já tinha concordado, propondo uma exceção para veículo movidos a biocombustível.

Costa agradado com "mensagem de grande confiança" de Lagarde

Ainda esta sexta-feira - dia em que as principais bolsas europeias acentuaram as perdas, arrastadas pela banca, devido ao regresso dos receios sobre a saúde financeira dos bancos europeus -, António Costa expressou "agrado" com "a mensagem de grande confiança" que a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, transmitiu aos líderes da União Europeia (UE) quanto à solidez do sistema financeiro europeu.

"A primeira mensagem que gostaria de transmitir é que registámos com agrado a mensagem de grande confiança que a senhora Lagarde transmitiu quanto à solidez do sistema financeiro europeu, explicando detalhadamente as diferenças entre o sistema regulatório europeu e o sistema regulatório norte-americano ou mesmo suíço, e, portanto, as razões pelas quais podemos ter confiança na estabilidade do sistema financeiro", disse o líder do Governo português.

O primeiro-ministro apontou que, por seu lado, teve "oportunidade de sublinhar que essa estabilidade e essa confiança seriam seguramente reforçadas se pudéssemos acelerar a conclusão da União Bancária, em particular com o sistema de garantia de depósitos".

Segundo Costa, "isso seria também fundamental para, associada à União de Capitais, reforçar a capacidade de investimento das empresas e nas empresas, de modo a que elas possam acelerar o seu processo de modernização e de participação na dupla transição, digital e energética".

"Com a garantia que é dada de suficiente liquidez no sistema bancário, é muito importante que essa liquidez seja orientada para o investimento produtivo, para a transição energética, para a criação de mais e melhor emprego, e não continue a ser consumido, como tem sido excessivamente, no investimento em imobiliário", declarou.

Questionado sobre o que teve oportunidade de dizer a Lagarde sobre as sucessivas subidas das taxas de juro que têm sido decididas pelo BCE, Costa disse que são publicamente conhecidas, e hoje reiteradas em Bruxelas, a posição da presidente da instituição, assim como a sua.

"É conhecido o que é que a senhora Lagarde disse, porque disse no Conselho exatamente o que tem dito em público. Quanto ao que eu disse no Conselho, também é exatamente o que eu tenho dito em público: convém que o BCE seja muito prudente relativamente à forma como está a conduzir esta política monetária", disse.

António Costa advertiu que "é verdade que a economia tem mostrado bastante robustez do que aquilo que se esperava, mas todos receamos que isso decorra do facto de ter havido uma acumulação muito significativa de poupança e liquidez fruto da pandemia e, conforme essas poupanças forem diminuindo, as medidas de aumento das taxas de juro possam ter efeito".

"No que diz respeito aos Estados, e em particular Estados onde há um elevado acesso ao crédito para habitação própria, naturalmente que têm de adotar medidas que protejam as famílias dos efeitos desta política do BCE", comentou.

Os líderes da UE reiteraram hoje que o setor bancário "é resiliente, com fortes posições de capital e liquidez", num dia em que vários bancos europeus estão em forte queda bolsista.

Num comunicado divulgado no final da cimeira da zona euro -- que decorreu em regime alargado -- no segundo dia do Conselho Europeu, os líderes europeus garantiram que a resiliência do sistema bancário da UE foi "significativamente reforçada" pela União Bancária.

"O nosso sistema bancário é resiliente, com fortes posições de capital e liquidez", salienta-se no comunicado, em que os chefes de Estado e de governo se voltam a comprometer "para completar a União Bancária".

As palavras da cimeira contrastam com a queda que vários bancos -- incluindo os alemães Deutsche Bank e Commerzbank -- em bolsa, devido à recente turbulência no setor e à incerteza sobre a evolução das taxas de juro.

A união bancária visa assegurar que o setor bancário da área do euro e da UE em geral seja estável, seguro e fiável, contribuindo assim para a estabilidade financeira.

Na cimeira do euro, Portugal esteve representado pelo primeiro-ministro, António Costa, e participaram como convidados o presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, e a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde.

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