OCDE vê inflação na zona euro acima dos 6% este ano e avisa que é preciso subir mais os juros
Christine Lagarde, presidente do BCE
A inflação deverá descer de forma gradual, mas em 2024 ainda estará acima da fasquia dos 2% de referência, antecipa a OCDE no Economic Outlook intercalar, publicado esta sexta-feira
A inflação na zona euro está a abrandar, mas vai permanecer elevada este ano e, em 2024, ainda estará acima dos 2% que servem de referência ao Banco Central Europeu (BCE). É esse o cenário traçado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), no Economic Outlook intercalar, publicado esta sexta-feira.
A OCDE até reviu em baixa a projeção para a inflação no espaço da moeda única este ano, retirando 0,6 pontos percentuais ao número avançado em novembro passado. Só que, ainda assim, aponta para os 6,2%. Além disso, a projeção para 2024 é uma inflação média anual de 3%.
A OCDE salienta que “a taxa de inflação está a recuar, mas a inflação subjacente permanece elevada, sustentada por aumentos de preços fortes nos serviços, margens mais elevadas nalguns sectores e pressões sobre os custos derivadas de mercados de trabalho apertados”.
O alerta recai sobre o indicador de inflação subjacente, que exclui os produtos alimentares não transformados e energéticos, com preços mais voláteis, e a que os bancos centrais dão muita atenção. Recorde-se que na zona euro, apesar de a inflação total estar a recuar desde novembro do ano passado, o indicador subjacente ainda não parou de subir.
A projeção da OCDE é, assim, é uma “moderação gradual” da inflação ao longo de 2023 e 2024, mas “permanecendo acima dos objetivos dos bancos centrais até à segunda metade de 2024 na maioria dos países”, lê-se no relatório.
Traçado o cenário, a OCDE é taxativa: “A política monetária necessita de manter-se restritiva até que haja sinais claros de que as pressões inflacionistas subjacentes são baixadas duradouramente”. Mais ainda, a organização avisa que “aumentos adicionais de taxa de juro ainda são necessários em muitas economias, incluindo os Estados Unidos e a zona euro”. E conclui: “Com a inflação subjacente a recuar lentamente, é provável que as taxas de referência se mantenham elevadas até bem dentro de 2024”.
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