Economia

OCDE melhora projeção de crescimento para a zona euro, mas “recuperação é frágil”

OCDE melhora projeção de crescimento para a zona euro, mas “recuperação é frágil”
YVES HERMAN/REUTERS

O Economic Outlook intercalar da OCDE reviu em alta a previsão de crescimento da zona euro este ano, para 0,8%, afastando o cenário de recessão no espaço da moeda única, nomeadamente na Alemanha

Com “sinais mais positivos a começarem a aparecer”, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) melhorou as suas projeções para o crescimento da economia mundial este ano. Uma melhoria que inclui também a zona euro. Aliás, o Economic Outlook intercalar, apresentado esta sexta-feira, revê em alta, de forma transversal – com algumas exceções – as previsões de crescimento para as maiores economias do mundo.

O documento – que não inclui números para Portugal – antecipa que a economia da zona euro avance 0,8% este ano, quando em novembro do ano passado a OCDE apontava para 0,5%. Já para 2024, espera um crescimento de 1,5%, o que significa uma ligeira melhoria face aos 1,4% previstos em novembro. Quanto à economia global, o cenário traçado pela OCDE é de um crescimento de 2,6% este ano (revisão em alta de 0,4 pontos percentuais) e de 2,9% em 2024 (melhoria de 0,2 pontos percentuais).

Isto significa que a OCDE, apesar de prever um forte abrandamento da economia da zona euro este ano – o crescimento em 2022 foi de 3,5% –, afasta um cenário de recessão. Aliás, esse cenário é afastado não apenas no conjunto do espaço da moeda única, mas também nas suas maiores economias - com destaque para a Alemanha –, cujas previsões de crescimento também foram revistas em alta.

A OCDE espera agora que a economia germânica avance 0,3% este ano, quando em novembro passado antecipava uma contração de 0,3%. No caso da economia italiana, a melhoria na projeção é de 0,4 pontos percentuais, com a OCDE a apontar agora para um crescimento de 0,6%. Também a previsão para a economia espanhola foi melhorada em 0,4 pontos percentuais, e é agora de um crescimento de 1,7%. Já para a economia francesa, a melhoria na projeção é mais ligeira, de 0,1 pontos percentuais, para um crescimento de 0,7% este ano.

Destaque ainda para a melhoria das projeções de crescimento das duas maiores economias do mundo para este ano, com a OCDE a antecipar que os Estados Unidos avancem 1,5% (revisão em alta de um ponto percentual), e a China cresça 5,3% (mais o,7 pontos percentuais do que o projetado em novembro passado).

O que explica esta melhoria das previsões de crescimento? A OCDE destaca que “sinais mais positivos começaram a aparecer, com o sentimento dos consumidores e das empresas a começar a melhorar, os preços da energia e dos alimentos a recuar, e a reabertura total da China”. O Economic Outlook intercalar aponta, assim, para “uma melhoria gradual ao longo de 2023 e de 2024, à medida que o fardo da elevada inflação sobre os rendimentos retrocede”. Isto porque, a OCDE antecipa uma moderação gradual da inflação este ano e no próximo. Mas, atenção, o cenário traçado para a inflação na zona euro é que se mantenha bem acima dos 2% que servem de referência ao Banco Central Europeu este ano, e que mesmo em 2024 ainda ultrapasse essa fasquia.


Apesar do desanuviar da situação económica, a OCDE deixa um aviso claro: “A melhoria no cenário ainda é frágil”. E concretiza: “A incerteza sobre o decurso da guerra na Ucrânia e as consequências mais latas são uma preocupação chave”. Ao mesmo tempo, “a força do impacto das mudanças na política monetária é difícil de medir e pode continuar a expor vulnerabilidades financeiras derivadas de dívida elevada e avaliações de ativos esticadas, e também em segmentos específicos do mercado financeiro”. Acresce o risco de “reaparecimento” de pressões nos mercados globais de energia, “levando a picos de preços renovados e inflação mais alta”.

Neste contexto, a recomendação para os Governos é clara: “O apoio orçamental para mitigar o impacto de elevados preços na alimentação e energia tem de se tornar mais focado nos mais necessitados”. A OCDE vinca que “melhor focagem e uma redução atempada no apoio global ajudaria a assegurar sustentabilidade orçamental, preservar os incentivos a menor utilização de energia, e limiar estímulos adicionais à procura numa altura de elevada inflação”.

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