O ministro da Economia, António Costa Silva, considerou, em entrevista ao “Diário de Notícias” e à “TSF”, que fixar preços administrativamente não é a solução para o aumento dos preços dos bens alimentares. Na sua visão, é, aliás, “ainda cedo” para se falar em especulação.
No seguimento da opinião emitida por Marcelo Rebelo de Sousa, que falou em “especulação dos preços”, António Costa Silva disse, em resposta ao jornal, que ao olhar para os números do relatório da ASAE “pode haver essa indicação [de especulação], mas ainda é muito cedo para afirmarmos com clareza”. “Temos de partir dos factos e dos números para depois poder tirar conclusões”, acrescentou.
O relatório da ASAE - que veio dar a conhecer margens brutas enormes na distribuição - gerou a muitas críticas por parte do setor, mas o ministro defendeu-se: “Procuro sempre ser justo e equilibrado em relação a estas questões, mas temos de perceber que nestas alturas o Estado corporiza o interesse público e esse é clarificar o mais depressa possível estes mecanismos de preços”.
A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição disse, até, que os preços aumentaram 19% face a um aumento dos preços na produção de 35% e 31% (agricultura e indústria alimentar), mas Costa Silva preferiu não comentar números nenhuns, nem dar detalhes do estudo da ASAE, enquanto decorre a PARCA (Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar).
E que mecanismos são esses? Para já, Costa Silva descarta a fixação de preços, ao contrário do que outros membros do Governo admitem. “Sempre que se fixa preços administrativamente as coisas não funcionam. Penso que o mercado é o melhor instrumento que temos para fixar preços. O que estamos a tentar desenvolver – o Governo tem agido em múltiplas dimensões – é tentar a autorregulação, o que significa que as empresas também façam uma oferta de produtos que sejam sensíveis a este clima de preços e que seja uma oferta positiva”, afirmou.
O governante está confiante na convocação da PARCA pois é “um sistema mais participativo em termos de discussão e de vermos como é que a evolução dos preços se proporciona ao longo da cadeia”.
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