A inflação em Portugal desceu em dezembro de 2022 pelo segundo mês consecutivo, com a variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) a situar-se nos 9,6%. Este valor compara com 9,9% em novembro de 2022, e com o pico de 10,1% em outubro.
Os dados foram publicados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), e confirmam a estimativa rápida avançada há cerca de duas semanas.
Para esta descida da inflação contribuiu uma moderação na evolução dos preços dos produtos energéticos, que aumentaram 20,8% em termos homólogos em dezembro, o que compara com uma subida de 24,7% em novembro.
Os produtos alimentares não transformados registaram uma evolução semelhante, com a variação homóloga em dezembro (17,6%) a ficar abaixo da registada em novembro (18,4%).
Contudo, em sentido inverso, os preços dos produtos alimentares transformados aceleraram, com um incremento de 17,5% em dezembro em termos homólogos (16,8% em novembro).
Esta evolução da inflação vem em linha com a expetativa dos economistas, que esperam uma descida sustentada nos próximos meses, ainda que mantendo-se acima dos 2% de referência para o Banco Central Europeu.
Contudo, o indicador de inflação subjacente - que exclui a energia e os bens alimentares não transformados, com preços mais voláteis - continuou a subir, ainda que de forma ligeira, com a variação homóloga a passar de 7,2% em novembro para 7,3% em dezembro.
É o valor mais elevado desde dezembro de 1993 e sinaliza que a escalada dos preços, que começou pela energia e bens alimentares não transformados, se disseminou pela economia. O que pode tornar mais lenta a descida da inflação nos próximos meses.
Inflação média anual foi a mais alta desde 1992
Considerando não apenas dezembro, mas todos os meses do ano passado, o INE indica que a inflação média anual situou-se em 7,8% em 2022. É um valor “significativamente acima” do registado em 2021 (1,3%), e o mais elevado desde 1992, aponta a autoridade estatística nacional.
O INE salienta que a taxa de variação homóloga do IPC “evidenciou uma acentuada subida ao longo de 2022, com maior intensidade na primeira metade do ano”. Assim, "no segundo semestre de 2022 a variação homóloga do IPC manteve-se elevada e acima da média do ano, mas observou-se uma desaceleração dos preços nos últimos dois meses do ano".
Em termos semestrais, a variação média do IPC foi de 6,1% na primeira metade do ano e de 9,5% na segunda metade de 2022.
Já excluindo do IPC a energia e os bens alimentares não transformados (inflação subjacente), a taxa de variação média situou-se em 5,6% em 2022, o que compara com 0,8% em 2021.
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