Economia

Espanha: Governo de Sánchez com balanço económico positivo

31 dezembro 2022 20:45

Ángel Luis de la Calle

Ángel Luis de la Calle

Correspondente em Madrid

jaime reina/afp via getty images

A inflação moderou-se, limitou-se o efeito negativo da fatura energética, as receitas fiscais aumentaram, o défice e a dívida pública diminuíram

31 dezembro 2022 20:45

Ángel Luis de la Calle

Ángel Luis de la Calle

Correspondente em Madrid

Espanha enfrenta 2023, um ano cheio de eleições, com um balanço económico muito positivo. O Governo de coligação entre o Partido Socialista (PSOE, centro-esquerda) e o Unidas Podemos (UP, populistas) conseguiu fechar um período crucial, marcado pela crise energética, a guerra na Ucrânia e a elevada inflação, com resultados claramente favoráveis à sua intenção de revalidar nas urnas, dentro de 12 meses, o apoio maioritário dos cidadãos. Em contraste com as projeções catastróficas do principal grupo da oposição, o Partido Popular conservador (PP, centro-direita), o Governo liderado por Pedro Sánchez pode lançar-se na arena do confronto pré-eleitoral com uma classificação verdadeiramente notável, a que lhe foi atribuí­da na semana passada por uma publicação tão prestigiada como o “The Economist”, que coloca Espanha no quarto lugar numa lista de 34 países da OCDE com melhor desempenho económico, depois da Grécia, Portugal e Irlanda.

Embora alguns dados oficiais ainda não tenham sido finalizados, os elementos básicos desta avaliação positiva foram confirmados: a inflação moderou-se, conseguiu-se limitar o efeito negativo da fatura energética, as receitas fiscais aumentaram notavelmente, o défice e a dívida pública diminuíram. O Governo também conseguiu aprovar o seu terceiro Orçamento Geral do Estado (OGE) em tempo e em forma, apesar de ter de pagar um preço político elevado pelo apoio dos independentistas catalães e bascos. Para além de uma boa abordagem teórica das medidas governamentais contra a crise, há o efeito benéfico da injeção de mais de €31 mil milhões dos fundos europeus do Plano de Recuperação. Embora existam certos sinais de fraqueza no desempenho da economia no último trimestre, o balanço global é muito encorajador: Espanha afasta-se dos riscos de recessão e muito provavelmente ultrapassará a barreira dos 5% de crescimento do PIB, com uma taxa de inflação homóloga de 6%, quatro pontos abaixo dos 10,8% registados em julho. O Índice de Preços no Consumidor (IPC) situar-se-á numa média anual de 8,5%, taxa a que serão revistas as pensões em 2023. O défice público nos primeiros 10 meses do ano, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, foi de 1,16% do PIB, comparado com 4,41% no mesmo período do ano anterior. A cobrança de impostos cresceu quase 17%, num total de €239.789 milhões até novembro, mais €30 mil milhões do que no ano passado no mesmo período. O Fundo da Segurança So­cial, que registou um aumento notável das receitas devido ao aumento das contribuições — existem mais de 20 milhões de empregados no país, apesar de a taxa de desemprego permanecer em 12% —, apresenta um excedente, pela primeira vez em vários anos, de €5506 mil milhões, contra um défice de quase €6 mil milhões em 2021. E os números do turismo estão próximos dos de 2019, quando se receberam quase 84 milhões de visitantes.