A inflação em Portugal abrandou em dezembro, passando de 9,9% para 9,6%, mas o ministro das Finanças considera que ainda não é possível dizer que o pior da subida de preços já passou. Ainda assim, Fernando Medina elogia o comportamento da economia portuguesa neste ano, e vinga-se de quem o criticou.
“É uma tendência de redução destas variações homólogas, que não nos permitem dizer que já atingimos o pico, e que já estamos no processo de regressão, mas são sinais encorajadores”, declarou, a respeito da inflação, Fernando Medina esta sexta-feira, 30 de dezembro, numa conferência de imprensa com os ministros da Economia e do Trabalho, no Ministério da Economia, em Lisboa. Mesmo a autoridade monetária, o Banco Central Europeu, tem dito que não há ainda certezas sobre se o pico da inflação na zona euro está já para trás.
A declaração de Medina foi feita no dia em que o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou a sua estimativa rápida de inflação para dezembro, apontando para uma variação homóloga de 9,6% face ao mesmo mês de 2021. A estimativa de novembro era de 9,9%, e a de outubro era de 10,1%. Um “ano marcado pela inflação, mais alta do que esperávamos”, disse o ministro das Finanças, acrescentando que resulta dos “efeitos externos”.
PIB mostra que Portugal derrotou “pessimismo”
Na mesma conferência, houve outro indicador económico a ser mencionado. O ministro da Economia, António Costa Silva, começou mesmo a referir que o crescimento este ano poderá chegar a 6,8%. “Vamos ter um crescimento entre 6,5% e 6,8%, um resultado absolutamente notável”, tendo em conta a “envolvente externa muito difícil”.
Mas se Costa Silva deixou um intervalo de percentagens, Fernando Medina aceita na sua totalidade aquela que é a mais recente estimativa de crescimento do produto interno bruto (PIB) para 2022 do Banco de Portugal.
“Portugal finalizará o ano de 2022 com um crescimento de cerca de 6,8%. Este crescimento é o maior crescimento económico do país nos últimos 35 anos. É preciso recuar até 1987”, atirou o ministro das Finanças numa conferência de imprensa que agendou com os ministros da Economia e do Trabalho para fazer um balanço deste ano.
“O que podemos hoje dizer é que a economia portuguesa mostrou força, resiliência, a capacidade de reagir a esse choque, muito acima daquilo que eram as expetativas da generalidade dos analistas”, frisou o ministro das Finanças.
Na conferência, o governante lembrou as suas anteriores projeções de 4,9% e de 6,5%, referindo que “em ambas”, ouviu a “crítica” de que estaria a ser “muito otimista e pouco realista”. “A verdade é que a economia portuguesa derrotou todos os pessimismos”, continuou.
“Deixaremos para trás a Grécia e a Itália”
Na conferência, Medina frisou como a economia está mais protegida face à conjuntura externa, mencionando o nível da dívida pública que é esperado pela Comissão Europeia. A previsão está em 105,3%. “Deixaremos o pódio. Deixaremos para trás a Grécia e a Itália”, declarou o ministro.
“Estaremos num grupo de países já muito diferentes, um grupo de países que integra Espanha, França e Bélgica”, disse o sucessor de João Leão no Ministério das Finanças. “Contas certas é ter as contas arrumadas, para quando as famílias e as empresas precisam”.
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