Durão Barroso vai sair da presidência não executiva do Goldman Sachs International, o braço do grupo americano sediado em Londres. Porém, o antigo primeiro-ministro português vai continuar ligado ao Goldman, agora como o líder dos conselheiros internacionais. A informação foi avançada pela Sky News, sendo que vai ser tornada pública na próxima semana.
Depois de ter liderado por dez anos a Comissão Europeia, Barroso foi eleito em 2016 para este cargo não executivo do GSI, unidade virada para fora dos EUA, e também aí passou logo a conselheiro do Goldman Sachs (uma nomeação bastante polémica na altura e nos anos seguintes).
A partir de fevereiro de 2023, segundo a Sky News, vai passar a liderar os conselheiros do grupo americano, os International Advisors, ou Conselho Consultivo International, que têm responsabilidade de aconselhamento sobre matérias estratégicas para o grupo, seja em áreas de negócio, regiões, políticas públicas ou económicas. Contactado pelo Expresso, a assessoria de imprensa não quis fazer comentários.
No conjunto de conselheiros, unidade que foi constituída pelo Goldman Sachs em 1982, já participaram os antigos secretários de Estado americanos Henry Fowler e Henry Kissinger, e os portugueses António Borges (já falecido) e José Luís Arnaut (ainda em funções).
Se muda de funções no Goldman, noutra parte da vida vai manter-se: Barroso foi este mês reconduzido na presidência da Aliança Global para as Vacinas, iniciativa para a distribuição de vacinas por países pobres.
Litígio com Portugal
O Goldman Sachs International é o braço do grupo para as operações fora dos Estados Unidos da América, sendo que é a instituição que tem um litígio com Portugal.
O Goldman Sachs ajudou a montar uma operação de financiamento do Banco Espírito Santo (BES) pouco antes da queda, que já levou a processos judiciais contra o Banco de Portugal e também contra a República Portuguesa – este último, visando diretamente o Estado, foi colocado em 2020, com Barroso na presidência não executiva. Além disso, também enfrenta a comissão liquidatária do BES, porque esta considera que o grupo deve 90 milhões de euros que pertencem aos credores.
Estas mudanças na estrutura internacional foram noticiadas pela Sky News ao mesmo tempo que está a ser avançado que o grupo americano vai rescindir com 3 900 trabalhadores a partir de janeiro, cerca de 8% dos 49 mil funcionários a nível internacional, como conta o Financial Times.
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