16 dezembro 2022 22:45
Compromisso firmado com os parceiros sociais não se traduzirá na valorização real dos salários nos tempos mais próximos, nem eliminará a deterioração gerada este ano pela inflação, destaca estudo do CoLABOR
16 dezembro 2022 22:45
A compressão salarial entre os salários mais baixos e os rendimentos médio e mediano dos trabalhadores está a acentuar-se em Portugal, ancorada sobretudo na valorização do Salário Mínimo Nacional (SMN) ao longo dos últimos anos. Em 2002, o salário mínimo representava 59% do ganho mediano dos trabalhadores em Portugal. Em 2020 esse valor aumentou para 69%, destaca um estudo do CoLABOR — Laboratório Colaborativo para o Trabalho, Emprego e Proteção Social, dedicado à evolução dos salários em Portugal. O Governo apostou todos os trunfos para corrigir esta compressão e fechou, em sede de concertação social, com patrões e a UGT um acordo de rendimentos que fixa como meta valorizar em 20% o salário médio, até ao final da legislatura. Mas a subida da inflação e a incerteza económica vieram baralhar as contas e, segundo os investigadores do CoLABOR, não só o acordo não conseguirá corrigir a perda de rendimentos gerada pela subida acentuada dos preços em 2022, como dificilmente se traduzirá numa valorização real dos salários nos próximos dois anos.
O valor real do salário médio em Portugal aumentou 8%, no período compreendido entre 2017 e 2021, enquanto o rendimento mediano cresceu 12%. O recente crescimento do valor real dos salários nacionais, iniciado em 2018, surge num contexto de recuperação económica, após a crise financeira de 2010. Mas, segundo os investigadores, os ganhos salariais reais verificados nos últimos quatro anos “foram já seriamente comprometidos pelo aumento da inflação”.