Com os preços da energia e dos produtos alimentares não transformados a darem uma (ligeira) trégua, a inflação em Portugal desceu em novembro, confirmou esta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). A variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor foi de 9,9%, o que compara com 10,1% em outubro. Mas, nem tudo são boas notícias para as famílias portuguesas. A subida dos preços dos produtos alimentares transformados acelerou.
Apesar desta descida, os dados publicados pelo INE - que confirmam a estimativa rápida avançada no final de novembro - indicam que a inflação está ainda em valores que não eram vistos no país há três décadas, desde 1992.
A que se deveu o recuo na inflação registado em novembro? Um fator decisivo foi a menor dimensão dos aumentos de preços da energia e dos alimentos não transformados face ao que tinha sucedido em outubro.
De facto, a autoridade estatística nacional aponta que a variação homóloga do índice relativo aos produtos energéticos diminuiu para 24,7% em novembro, valor que compara com 27,6% em outubro. Ao mesmo tempo, o índice referente aos produtos alimentares não transformados subiu 18,4% em termos homólogos, valor inferior em 0,5 pontos percentuais ao registado em outubro.
Esta moderação contrasta com a aceleração registada nos preços dos produtos alimentares transformados, com uma variação de 16,8% em novembro (14,1% em outubro). E esta é uma má notícia para as famílias.
Não é a única. Os dados do INE mostram que a escalada dos preços, que começou pela energia e pelos alimentos (cereais, por exemplo, na sequência da guerra na Ucrânia), já se disseminou pela economia.
Sinal disso, o indicador de inflação subjacente (que exclui precisamente os produtos alimentares não transformados e energéticos, que têm preços mais voláteis) subiu para 7,2%, o que compara com 7,1% em outubro, e é a taxa de variação homóloga mais elevada desde dezembro de 1993, indica o INE.
Quanto ao Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) - que serve de referência na Europa - aumentou 10,2% em Portugal em novembro, em termos homólogos. É um valor inferior em 0,4 pontos percentuais ao de outubro. Contudo, ficou acima do valor estimado pelo Eurostat para a zona euro, que é de 10%.
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