A dívida mundial atingiu um valor recorde no ano passado, engordando 9 biliões de dólares (€8,5 biliões), revela o Global Debt Monitor do Fundo Monetário Internacional lançado esta segunda-feira. Mas o nível de endividamento caiu para 249% do PIB mundial, uma redução de 10 pontos percentuais. O maior problema é a dinâmica na China
A dívida mundial atingiu um máximo histórico de 235 biliões de dólares (€222 biliões) em 2021, segundo o primeiro Global Debt Monitor do Fundo Monetário Internacional (FMI) publicado esta segunda-feira, atualizando os dados da Global Debt Database da organização. No documento de apresentação da atualização da série, o FMI fala de “Cavalgar a montanha-russa da dívida global”.
O aumento foi de 9 biliões de dólares (€8,5 biliões) em relação a 2020, o primeiro ano da pandemia, mas o rácio de endividamento [público e privado] caiu de um ano para o outro de 259% para 249% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. A subida da dívida em dólares em 2021 foi, no entanto, de menos de um terço do disparo ocorrido no primeiro ano da pandemia - a dívida engordou então 29 biliões de dólares.
A redução do rácio de endividamento em 2021 deveu-se a dois principais fatores que engordaram o denominador (o PIB): o crescimento económico (depois da recessão brutal de 2020) e o início do surto inflacionista. O FMI sublinha que esta redução foi a maior desde o início da série há 70 anos.
Apesar da redução do nível de endividamento em 2021, este rácio ainda continua 19 pontos percentuais acima do registado em 2019, antes da pandemia, quando subiu para 230%. O que significa que o esforço de consolidação em 2021 foi ainda insuficiente. Contudo, essa consolidação foi maior na dívida privada (empresas e famílias), com o rácio a diminuir 6 pontos percentuais do PIB, do que na pública (onde o rácio caiu apenas 4 pontos percentuais).
A dívida pública mundial atingiu um pico de quase 100% do PIB em 2020, no primeiro ano de pandemia, altura em que a dívida privada subiu para 159% do PIB. Em 2009, num ano de recessão mundial, o nível de endividamento público era de 75% e o de endividamento privado atingira 143%..
A primeira edição do Global Debt Monitor foi esta segunda-feira apresentada em Washington DC, na sede da organização nos Estados Unidos, por Vítor Gaspar, o ex-ministro das Finanças português dos tempos da troika, que é diretor do Departamento de Assuntos Orçamentais do FMI, também responsável pela publicação anual dos Fiscal Monitor.
A base de dados abrange 190 países e as séries cobrem 70 anos.
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