A presidente da companhia aérea KLM, parte do grupo Air France-KLM, considera que, se os passageiros tiverem essa alternativa, deveriam optar pelo transporte ferroviário em vez de viajarem de avião. E garante que ela própria, apesar do cargo que ocupa, faria o mesmo, ao preferir deslocar-se de comboio em vez de apanhar um avião da sede da KLM em Amesterdão a Paris, onde está a sede da casa-mãe.
Em entrevista ao Financial Times desta terça-feira, 6 de novembro, Marjan Rintel disse que “se encararmos seriamente os alvos de sustentabilidade, o comboio não é um concorrente. Precisamos de trabalhar juntos”, disse.
Posto isto, e principalmente em viagens de curta e média distância, “se tiver uma boa alternativa, deve mesmo usá-la”, disse.
Segundo Rintel, a KLM deverá “desenvolver uma relação com os caminhos-de-ferro neerlandeses, para perceber o que podemos fazer no curto prazo para motivar os nossos clientes a ir de comboio para Bruxelas ou Paris”, o que passa por melhorar a possibilidade de compra de bilhetes integrados comboio/avião.
A presidente executiva avançou que a KLM já fez reservas massivas em comboios entre Amesterdão e Paris e Bruxelas como medida cautelar perante a proposta do governo neerlandes de cortar o número de voos do aeroporto da capital em 10% para 440 mil anuais, segundo o Financial Times, algo que pode ser alvo de contestação legal da KLM, apesar de ainda não terem tomado nenhuma decisão.
E já está em negociações com a SNCF francesa e a NS neerlandesa - onde Rintel trabalhou seis anos, dois como presidente executiva - para transferir e integrar serviços como o de bagagem. Mas exclui a operação direta de viagens de comboio, preferindo fazer acordos com Eurostar, que liga o continente a Londres, e os comboios Thalys, que conectam várias grandes cidades da Europa ocidental e central.
A KLM, também intervencionada pelo Estado neerlandes durante a pandemia, com Haia a manter-se na estrutura acionista da operadora, quer “construir relações” com os acionistas, e alerta que “haverá consolidação em toda a Europa” e que o “inimigo não está no grupo”.
“Os próximos tempos são excepcionais e teremos de ser fortes juntos”, disse.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: piquete@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes