Economia portuguesa no vermelho em novembro
Atividade económica no país ficou abaixo do ano passado durante todo o mês de novembro, sinaliza indicador do Banco de Portugal
Atividade económica no país ficou abaixo do ano passado durante todo o mês de novembro, sinaliza indicador do Banco de Portugal
Novembro não está a trazer boas notícias para a atividade económica em Portugal, que se manteve todo o mês no vermelho na comparação com o ano passado. É isso que sinaliza o indicador diário de atividade económica (DEI), calculado pelo Banco de Portugal (BdP).
Os dados foram publicados excecionalmente esta sexta-feira - costumam ser divulgados à quinta-feira. Segundo uma nota publicada pelo BdP na sua página na internet, “na semana terminada a 27 de novembro, o indicador diário de atividade económica (DEI) aponta para uma taxa de variação homóloga da atividade similar à observada na semana anterior.” Ora, essa variação foi, mais uma vez, negativa.
Nessa semana - que abrange o período entre 21 de novembro e 27 de novembro –, a média móvel semanal do DEI indica uma queda homóloga da atividade económica de 3,1%.
Isto depois de na semana anterior – que abrange o período entre 14 de novembro e 20 de novembro – ter recuado 2,3%. Já na semana terminada 13 de novembro, sinalizava uma contração de 3,3%.
A conjugação da persistência de elevada inflação, com a subida das taxas de juro, a crise energética, e a incerteza sobre a evolução da economia nos próximos meses - em Portugal e na Europa - parece estar a cobrar o seu preço sobre a evolução da economia portuguesa.
Aliás, a Comissão Europeia, nas projeções divulgadas no início de novembro, aponta mesmo para uma recessão técnica na União Europeia, na zona euro e em muitos Estados-membros - Portugal incluído - entre o quarto trimestre deste ano e o primeiro trimestre de 2023. Isto significa que nesses dois trimestres Bruxelas espera que o Produto Interno Bruto (PIB) recue em cadeia, ou seja, em relação aos três meses anteriores.
Ainda assim, Bruxelas antecipa um forte crescimento da economia portuguesa no conjunto deste ano, com o PIB a avançar 6,6% - o segundo valor mais elevado entre os 27 países da UE. Para 2023 a Comissão espera um forte abrandamento, mas, ainda assim, com a economia a manter-se no verde, com um crescimento de 0,7%.
O BdP calcula também a taxa trienal do DEI, que traduz o crescimento acumulado num período de três anos, ou seja, entre 2019 - antes da crise pandémica - e 2022.
Este indicador estava em terreno positivo desde fevereiro, sinalizando que a atividade económica em Portugal estava acima do patamar pré-crise.
Contudo, em setembro oscilou entre valores negativos e positivos. E desde outubro está no vermelho. Ora, na semana semana terminada a 27 de novembro indica uma queda de 2,4%, sinalizando que a atividade económica no país ficou abaixo do registado no mesmo período de 2019, antes da pandemia.
Ainda assim, trata-se de um valor menos negativo do que os -5,2% registados na semana anterior.
O DEI é um indicador compósito, calculado pelo BdP, que reúne dados de alta frequência e procura traçar um retrato, quase em tempo real, da evolução da atividade económica em Portugal. Assim, cobre diversas dimensões, sumariando a informação das seguintes variáveis diárias: tráfego rodoviário de veículos comerciais pesados nas autoestradas, consumo de eletricidade e de gás natural, carga e correio desembarcados nos aeroportos nacionais e compras efetuadas com cartões em Portugal por residentes e não residentes. Os dados são habitualmente atualizados à quinta-feira pelo BdP, podendo os valores passados ser revistos pelo banco central.
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