Economia

"Era importante não fecharmos a porta à expansão" do futuro aeroporto, defende o ministro das Infraestruturas

"Era importante não fecharmos a porta à expansão" do futuro aeroporto, defende o ministro das Infraestruturas
MIGUEL PEREIRA DA SILVA

“É (quase) consensual que o aeroporto de Humberto Delgado está saturado”, afirmou Pedro Nuno Santos, e isso é também uma das razões que leva a que seja um dos aeroportos com mais atrasos na Europa. Governante apela a que não se feche a porta a uma futura expansão na localização que for escolhida

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, gracejou no encerramento do seminário, "Novo Aeroporto, Tempo de decidir", realizado esta terça-feira em Lisboa, dizendo: "pensei muito antes de aceitar, a aviação só me tem trazido dissabores". Afirmanfo depois que as questões em torno da localização do aeroporto, espelham um dos "nossos defeitos como coletividade" que "é a incapacidade de decidir". "É uma característica que temos de saber contrariar, mesmo sabendo que as decisões que tomamos nem sempre são certas".

"Há coisas quase consensuais, eu diria mesmo que é factual, temos um aeroporto saturado. Não há espaço para mais aviões no aeroporto da Portela", frisou o ministro das Infraestruturas, que falava na cimeira organizada pelo Conselho Económico Social e pelo jornal Público. Pedro Nuno Santos sublinhou que essa é uma das grandes razões para os atrasos em catadupa da TAP.

"Não precisamos de fazer um aeroporto com quatro pistas amanhã. Era importante não fecharmos a porta à expansão [na localização que vier a ser encontrada para o futuro aeroporto]. É um dos pontos que devemos ter em atenção quando formos tomar uma decisão coletiva", frisou.

Das três localizações que vão ser estudadas pela comissão independente de avaliação, Montijo é aquela que não permite expansão futura. Não obstante, Pedro Nuno Santos tinha-a colocado como solução transitória, até à construção de Alcochete, quando desenhou a solução aeroportuária para Lisboa, num despacho que acabou revogado pelo primeiro-ministro.

“Não temos o direito de fechar portas que levam a que nos tenhamos de reunir daqui a 10 ou 15 anos novamente nesta sala e é por isso que as decisões que tomarmos têm de ter várias variáveis presentes na sua reflexão e esta é também uma delas”, apontou o governante. Montijo, Alcochete e Santarém são as três localizações que serão estudadas, sendo que a comissão independente nomeada para o efeito pode juntar mais uma.


“Vamos ter todos de conseguir ter alguma humildade no debate sobre os nossos próprios conhecimentos”, acrescentou, pedindo “alguma humildade nas projeções de procura que se vão fazendo”.


Voltando a saturação do aeroporto português, o ministro lembrou que não há espaço para mais aviões, e isso terá impacto em 2023. “A grelha de ‘slots’ [faixas horárias para descolar e aterrar] para o verão de 2023 é assustadora, está tudo a vermelho, não há espaço para mais aviões na Portela”, alertou.

Pedro Nuno Santos defendeu ainda que a TAP e o ‘hub’ (plataforma giratória de voos) de Lisboa “são duas faces da mesma moeda”.

“A TAP, através do aeroporto de Lisboa, é a primeira companhia aérea europeia a ligar a América do Sul à Europa. É a primeira companhia europeia a ligar vários destinos africanos, não é a Portugal, é à Europa. Isso dá, desde logo, centralidade a Portugal e essa centralidade só e conseguida com o ‘hub’. […] Centralidade dá negócio, dá dinheiro”, afirmou ainda o governante.

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