Marcelo elogia sucesso do turismo em Portugal e admite que "beneficiámos com a guerra"
Presidente da República admite que a recuperação europeia face aos efeitos da guerra na Ucrânia só ocorrerá “provavelmente no segundo semestre de 2023”
Presidente da República admite que a recuperação europeia face aos efeitos da guerra na Ucrânia só ocorrerá “provavelmente no segundo semestre de 2023”
Jornalista
Foi num misto de “realismo e otimismo” que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, avançou as suas perspetivas para o turismo em 2023, no encerramento do congresso da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), que terminou esta sexta-feira em Fátima. "Não sou um otimista esfuziante nem um realista pessimista, e neste momento o mundo está muito indefinido, sendo uma incógnita as perspetivas que se colocam pelas muitas imponderabilidades, como a duração da guerra ou os termos do fim do conflito", enfatizou o Presidente da República.
No que respeita ao turismo, “o caso português é singular, e uma das razões que explicam este ano o sucesso e os números obtidos é que há uma marca fortíssima chamada Portugal”, frisou Marcelo.
“Fomos vistos no mundo como um país que geriu bem a pandemia, mesmo em momentos em que pareceu não estar a correr muito bem”, considerou o Presidente da República, enfatizando a importância de “termos sido dos primeiros a desconfinar, de forma consistente”, o que deu “credibilidade” num momento em que as pessoas desejavam "libertação", e acabaram por escolher Portugal “em vez de destinos vizinhos e concorrentes”.
“E beneficiámos com a guerra - tal como beneficiámos na II Guerra Mundial. Parece chocante o que digo porque a guerra não beneficia ninguém, é uma tragédia, sobretudo para os ucranianos”, sustentou Marcelo Rebelo de Sousa.
“Num período de incerteza, o pensamento das pessoas foi: qual o local onde podemos encontrar segurança? E Portugal foi visto como uma ilha no meio do Atlântico, longe da área perigosa do conflito europeu”, explicitou o Presidente da República, frisando que este pensamento predominou “em europeus do norte, europeus do leste, europeus do sul, ou dos que vinham de outros continentes”.
Em relação às perspetivas de recuperação económica para 2023, Marcelo citou a conversa que teve com “o líder de um grupo automobilístico mundial”, dando conta de que, no caso dos Estados Unidos, “será difícil pensar em recuperação até ao primeiro trimestre de 2023”, mas que poderá ocorrer até ao fim do primeiro semestre".
“Segundo me disse, temos crise para um ano, e, na melhor das hipóteses, todo o primeiro semestre de 2023 ainda vai estar muito marcado pelos fatores que nos preocupam”, explicitou.
Segundo Marcelo, “a recuperação no caso europeu provavelmente irá mais para o segundo semestre de 2023, que para o primeiro”.
O Presidente da República elogiou os empresários presentes no congresso da associação hoteleira pela sua “capacidade espantosa” evidenciada na "rapidez da retoma no turismo”.
Mas apesar da resiliência do turismo, a resistir a crises como a pandemia ou a guerra, Marcelo também recomendou que o sector pode melhorar a “fazer a ponte com a saúde, com a economia, com a cultura, com o investimento externo ou com a economia digital, que são nichos completamente diferentes do mercado turístico, mas estão todos ligados”.
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