A saúde mental continua a ser uma ‘área’ “muito limitada” nos seguros de saúde concedidos pelas empresas aos seus trabalhadores, aponta a consultora Mercer Marsh Benefits (MMB), num estudo divulgado esta quarta-feira.
Segundo o estudo - que inquiriu 226 seguradoras de 56 países para identificar as principais tendências futuras dos cuidados de saúde assegurados pelas empresas -, apesar da sociedade estar mais alerta para as questões de saúde mental, “a oferta das seguradoras nesta área é ainda muito limitada”. Este ano 16% das seguradoras afirmaram “não contemplar uma cobertura de saúde mental”, o que representa uma melhoria face aos 26% do ano passado.
No entanto, 66% das seguradoras diz cobrir sessões de acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico, mas, na prática, dois terços desses 66% cobrem apenas 10 sessões ou menos. “Pressupondo que é feita uma sessão por semana, significa que o plano sobre apenas 20% das despesas médicas, o que se revela insuficiente”, indica o estudo.
A nível geográfico há grandes diferenças. Se na Europa 73% das seguradoras têm esta cobertura, na Ásia a percentagem é apenas de 55%. No entanto, a cobertura no continente europeu é mais limitada que no continente asiático ou no Médio Oriente, uma vez que apenas 6% das seguradoras na Europa oferece sessões ilimitadas de acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico.
“É positivo ver que existe uma maior preocupação das seguradoras com a saúde mental, mas estão ainda aquém das necessidades. Os profissionais de RH [recursos humanos] terão de avaliar cuidadosamente os níveis de cobertura, garantindo que os colaboradores têm o apoio necessário”, destacou o líder da MMB Portugal, Miguel Ros Galego, citado em comunicado.
Melhoria do seguro de saúde como benefício para captar e reter talentos?
De acordo com o estudo, os seguros de saúde são vistos, cada vez mais - e especialmente no contexto de inflação elevada e pleno emprego em algumas zonas do mundo, como em Portugal - como “ uma ferramenta de atração e retenção de talento”. “Perante o inevitável impacto do atual contexto económico, o estudo sublinha a importância de estas contemplarem este fator nas ofertas de benefícios para 2023”, lê-se na nota divulgada.
Assim, 68% das seguradoras acreditam que as empresas vão fazer melhorias nos planos de saúde oferecidos aos trabalhadores, “utilizando os benefícios como uma forma de diferenciação num mercado de trabalho competitivo”. Esta tendência verifica-se sobretudo na Ásia e na Europa (ambas com 73%).
“Num mercado de trabalho pressionado, os planos de saúde continuam a ser um importante fator distintivo. É necessário ouvir os colaboradores e priorizar os benefícios e programas que mais valorizam”, disse o líder da MMB.
É ainda relevante a inovação nas coberturas - como a telemedicina durante a pandemia, tendência essa que deverá continuar. Aliás o digital vem marcar uma grande posição neste mercado, sendo que “25% das seguradoras afirma já oferecer aplicações ou dispositivos tecnológicos permitam monitorizar a saúde e 49% afirma considerar esta opção”.
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