Representantes do BNP Paribas em Portugal deixam de participar em debates onde não haja mulheres
Pascal Le Segretain / Getty Images
BNP Paribas em Portugal assina carta de compromissos com o movimento JamaisSansElle, de que Emmanuel Macron é um dos rostos, para a promoção da igualdade de género
Os 30 altos funcionários do BNP Paribas em Portugal vão deixar de participar em debates ou em eventos onde não haja representantes femininas, à semelhança do que é já regra no grupo francês.
A posição foi assumida com a assinatura, por parte da equipa de topo do BNP Paribas em Portugal, da carta de compromissos do movimento conhecido como #JamaisSansElles, numa tradução literal “Nunca mais sem elas”. A assinatura teve lugar esta quinta-feira, 10 de novembro.
Como explica o BNP Paribas em comunicado enviado às redações, este movimento é promovido por mais de 1000 signatários, tanto homens como mulheres, que, “habituados a participar em discussões públicas e eventos, se recusam agora a participar em painéis de discussão / debate nos quais não sejam incluídas mulheres”.
Na carta de compromissos, está escrito que não havendo uma mulher nos painéis ou nas conferências, a empresa signatária cancela a sua participação, sendo que o objetivo é, antes de chegar a esse ponto, tentar alterar o evento para que haja representatividade feminina.
Também faz parte desta iniciativa criada em 2016 a promoção e disseminação de artigos sobre a consciencialização para a importância da igualdade entre os géneros. Há mais de mil signatários, sendo que o antigo embaixador francês em Portugal, hoje em Espanha, Jean-Michel Casa, é um deles, ao lado de nomes como o próprio presidente Emmanuel Macron.
“Em França, o BNP Paribas foi precursor ao associar-se ao #JamaisSansElles, pelo que, em Portugal, quisemos também marcar a nossa posição, na medida em que o tema da igualdade de género tem norteado a atuação do BNP Paribas há vários anos. Queremos sublinhar esta tomada de posição em Portugal e contribuir para uma sociedade mais sustentável, onde homens e mulheres tenham igualdade de oportunidades no decurso da carreira profissional”, refere Fabrice Segui, CEO do BNP Paribas em Portugal, citado no comunicado.
São 30 os líderes de topo do banco no país que assinam estes compromissos e, portanto, a que se aplica a decisão. Em Portugal, onde o BNP emprega mais de 7 100 funcionários, a liderança cabe a um gestor - os homens continuam a ter ainda um peso maioritário na estrutura de topo de todo o grupo, mas o objetivo é mudar: “Hoje, um terço dos membros do Comité Executivo e do G100 [grupo dos 100 mais altos quadros] são mulheres, tendo o banco como meta chegar a uma representação de 40% de mulheres até 2025”.
A questão da paridade e igualdade de género é um dos aspetos que tem ganho relevância no âmbito da promoção dos princípios ESG (preocupações ambientais, sociais e de governação) para dentro das empresas e da comunidade. No sector bancário o próprio supervisor europeu tem obrigado a que haja um maior equilíbrio de género, sendo em que Portugal há também legislação para as empresas públicas e sociedades cotadas que impõe um mínimo de representação do género subrepresentado que é, com poucas exceções, o feminino.
São vários os dados que mostram que as mulheres recebem menos do que os homens, sendo que um dos mais recentes dados, feitos por um gabinete governamental, revela que a diferença salarial é de 13,3%.
(notícia retificada às 10h30 de dia 11 para especificar que as regras aplicam-se apenas aos 30 altos quadros do BPN Paribas em Portugal, e não a todos os funcionários)
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