Os lucros do banco público ascenderam a 629 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, contra 429 milhões de euros em igual período de 2021. Um aumento de 61%. A atividade internacional contribuiu com 155 milhões de euros, mais 58% do que em igual período de 2021.
Do resultado líquido de 692 milhões de euros, o presidente da Caixa, Paulo Macedo, atribuiu como dividendo a pagar ao Estado nos primeiros nove meses de “um montante máximo distribuível de 286 milhões de euros”.
Um dos destaques positivos foi também a melhoria significativa da rentabilidade dos capitais próprios (ROE) da Caixa alcançando pela primeira vez desde 2008 a meta indicada pelo BCE e outras autoridades relativas ao custo de capital, entre 8% e 10%.
O ROE da CGD ascendeu a 10,8% nos primeiros nove meses do ano quando no final de 2021 estava nos 7% abaixo do indicador referido para o custo de capital.
Em Portugal o lucro da Caixa atingiu os 537 milhões de euros. Resultados “suportados pela redução de imparidades registadas para crise da pandemia e pelo crescimento dos resultados internacionais”, afirmou o presidente da CGD. As provisões e imparidades caem 205 milhões de euros.
Paulo Macedo está satisfeito pelo facto de se projetar "o maior dividendo da história da Caixa, a liquidar em 2023", tendo por isso também um impacto positivo no Orçamento de Estado.
Em 2023 a Caixa estima que a devolução entregue aos contribuintes, em termos acumulados, ascenda a 2,3 mil milhões de euros. Deste total 1312 milhões de euros são por conta de dividendos, os restantes 1000 milhões de reembolso de divida já emitida e de divida que será emitida em 2023.
Crédito a empresas sobe 2,6% e depósitos 4,9%
O crédito a clientes cresceu em Portugal 2,1 % para 48.8 mil milhões de euros. O crédito a empresas subiu 2,6% para 19,9 mil milhões e o crédito à habitação cresceu 1,4 % para 25 mil milhões de euros.
Já os recursos captados aumentaram 1,2% para 87 mil milhões de euros, com os depósitos a crescer 4,9% para 83,5 mil milhões de euros.
Os recursos fora do balanço caíram 9,8% para 19,5 mil milhões de euros. O que poderá refletir uma maior opção dos clientes por segurança.
A margem financeira (diferença entre os juros pagos e os juros cobrados) na atividade doméstica cresceu 22,8% para 522,6 milhões de euros, já no mercado internacional cresceu 27,7% para 377 milhões de euros.
"Em Portugal, os efeitos da subida das taxas de referência do BCE tem vindo a repercutir-se gradualmente na margem financeira do retalho (particulares e empresas), que aumenta nos primeiros 9 meses do ano cerca de 18 milhões de euros face a igual período 2021".
Comissões não mexem
As comissões liquidas subiram 11% no terceiro trimestre ascendendo a 357 milhões de euros. Porém segundo a Caixa esta subida deve-se sobretudo à colocação de produtos de investimento (fundos e seguros) e à retoma da atividade económica.
Nas Contas Caixa as comissões subiram 10% e nos meios de pagamento (cartões) 21%.
Paulo Macedo afirmou que a CGD “não vai aumentar as comissões em 2023”.
Imparidades descem e rácios de capital robustos
O crédito improdutivo (NLP) registou uma descida face a igual período de 2021 de 2,137 mil milhões de euros para 1,999 mil milhões de euros.
A qualidade dos ativos traduziu uma descida do rácio de malparado (NPL) para 2,6%.
Já “o rácio NPL líquido de imparidades totais permaneceu em 0% (zero), com cobertura de NPE (rácio EBA) a superar os 104%”, dá nota o banco público.
As contas da Caixa refletem “uma robusta posição de capital que se situa acima da média dos bancos portugueses e europeus”, situando-se os rácios Tier 1 e Total em 18,7% e 20,1%, respetivamente. E tendo em conta o resultado líquido deduzido do montante máximo distribuível de acordo com a Política de Dividendos.
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