Invertendo a tendência de diminuição que vinha registando desde o último trimestre de 2021, Entre julho e setembro deste ano, a taxa de desemprego em Portugal aumentou para 5,8%, valor que supera em 0,1 pontos percentuais (p.p.) o registado no trimestre anterior, mas que se mantém 0,3 p.p. abaixo do verificado no período homólogo, o terceiro trimestre de 2021, revelam os dados divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
A taxa desemprego nacional mantém-se abaixo da fasquia dos 6%. Mas, depois de ter registado no segundo trimestre do ano o valor mais desde pelo menos 2011, ano em que se inicia a atual série estatística do INE, o mercado de trabalho parece começar a refletir o quadro de instabilidade e incerteza no qual a guerra na Ucrânia, a escalada da inflação e a subida dos juros lançaram a economia mundial.
No terceiro trimestre do ano, a população desempregada foi estimada pelo INE em 305,8 mil pessoas. O número traduz um aumento de 2,3% (mais 7 mil desempregados) em relação ao trimestre anterior e uma diminuição de 4,1% (menos 12,9 mil) relativamente ao trimestre homólogo de 2021.
Segundo o organismo público de estatística, “para a evolução homóloga da população desempregada contribuíram, principalmente, os decréscimos nos seguintes grupos populacionais: homens (8,2 mil; 5,7%); pessoas dos 16 aos 24 anos (10,7 mil; 13,9%); com ensino superior (14,7 mil; 15,3%); à procura de novo emprego (14,3 mil; 5,2%); e desempregados há 12 e mais meses (24,8 mil; 16,2%)”.
Desemprego de longa duração recua
Apesar das más notícias, os indicadores divulgados esta quarta-feira sinalizam que, entre julho e setembro, o desemprego de longa duração (medido pelo número de pessoas que se encontravam em situação de desemprego há 12 ou mais meses) diminuiu. Segundo o INE, estavam nesta situação 42,1% da população desempregada, valor inferior em 8,8 p.p. ao do trimestre anterior e em 6,0 p.p. ao do trimestre homólogo.
A variação homóloga negativa registada no desemprego de longa duração é justificada com as diminuições entre as mulheres (8,0 p.p.), no grupo etário dos 16 aos 24 anos (13,4 p.p.) e entre aqueles com ensino superior (7,5 p.p.) ou que completaram, no máximo, o 3.º ciclo do ensino básico (7,4 p.p.), realça a síntese estatística. O peso do desemprego de muito longa duração (24 ou mais meses) no desemprego de longa duração (67,1%) diminuiu 1,8 p.p. em relação ao trimestre anterior, mas aumentou 19,7 p.p. face ao período homólogo.
Mais jovens desempregados
Acompanhando o aumento da taxa de desemprego no trimestre compreendido entre julho e setembro, o desemprego jovem (16 a 24 anos) também registou um agravamento de 2,1% em cadeia, ou seja, face ao trimestre anterior, para 18,8%, mas permanece inferior em 3,8 p.p à taxa registada nos mesmos três meses de 2021.
Recorde-se que no segundo trimestre deste ano, a taxa de desemprego jovem na União Europeia a 27 países foi estimada em 1,4%, menos 2,3 p.p do que a registada em Portugal no mesmo período (16,7%).
No balanço do terceiro trimestre de 2022, o INE dá ainda conta de que a população empregada no país aumentou 0,6% face ao trimestre anterior, com mais 27,3 mil pessoas a integrarem o grupo da população empregada, alcançando um universo de 4,93 milhões de pessoas. Na comparação homóloga este grupo cresceu de forma mais expressiva, 1%, o que, em termos absolutos, se traduz num aumento de 51 mil pessoas.
A população inativa com 16 e mais anos (3 575,4 mil pessoas) diminuiu, segundo o INE, 0,8% (29 mil) em relação ao trimestre anterior e 1,0% (36,8 mil) relativamente ao homólogo. A taxa de subutilização do trabalho - que agrega a população desempregada, o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos à procura de emprego, mas não disponíveis, e os inativos disponíveis, mas que não procuram emprego - foi de 11,2%, abrangendo um universo de 603,1 mil pessoas. Esta taxa manteve-se inalterada em relação ao segundo trimestre e diminuiu 0,7 p.p. na comparação homóloga.
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