Economia

Fábrica de unicórnios está em marcha, mas o que significa isso para Lisboa?

Fábrica de unicórnios está em marcha, mas o que significa isso para Lisboa?
ANTONIO COTRIM/Lusa

A fábrica de unicórnios anunciada por Carlos Moedas já é real, mas o que acontece a Lisboa? O autarca defende o equilíbrio entre os apoios à população local e às novas empresas que criem empregos na cidade

A ‘Fábrica de Unicórnios’ passou de um sonho de Carlos Moedas para a realidade. O presidente da Câmara Municipal de Lisboa apresentou a Unicorn Factory Lisboa na terça-feira, no arranque da Web Summit, e esta quarta-feira arrancou um programa de aceleração de empresas.

Em causa está o ‘Scaling Up Program’ que visa apoiar startups [empresas em fase de arranque] e scaleups [empresas em fase de expansão]. O programa é específico para empresas que já tiveram um investimento “relevante e estão numa trajetória de crescimento rápido e a planear a expansão internacional” e tem como objetivo apoiar 20 startups por ano - ou mais.

“As pessoas vêm para a Web Summit em Lisboa todos os anos e a ideia da fábrica de unicórnios é reter talento em Lisboa, e não apenas que [os visitantes da Web Summit] venham [uma vez por ano]”, disse Carlos Moedas aos jornalistas, na conferência de imprensa após a apresentação do programa.

O que significa para Lisboa?

Questionado pelo Expresso, após a conferência de imprensa, sobre a possibilidade de aumentos dos preços das casas em Lisboa com a atração destes investidores e empresas para a cidade, Moedas notou que “tem de se contrabalançar” e ter outros apoios.

Referindo os apoios já existentes - construção de 1000 fogos acessíveis, reabilitação de casas, cooperativas para haver mais preços acessíveis - o presidente da Câmara disse ser “preciso construir mais, mais casas para polícias e professores” e outros apoios, mas que isso não poderia impedir “trazer estes talentos para Lisboa”.

“Já investimos 40 milhões, mas é preciso investir mais em habitação, é uma das minhas prioridades”, disse.

“Tem de haver um equilíbrio”, notou Carlos Moedas, explicando que investir nestes talentos não significa deixar de investir nos lisboetas. E relembrou que “estas empresas vêm criar emprego”. “As empresas é que vão criar empregos, não a Câmara. Por isso é preciso criar a fábrica de unicórnios, para que ajude as empresas, que [ainda] são ideias, a tornar-se verdadeiras empresas."

Mas vêm mesmo? Gil Azevedo, diretor executivo da Startup Lisboa e Unicorn Factory Lisboa, disse, em resposta ao Expresso, após a conferência de imprensa, que não há nenhum requisito, após o fim do programa, que faça com que estas startups e scaleups fiquem ligadas a Portugal, ou a Lisboa, nem mesmo a criação de emprego local.

Não há nada [algum requisito] específico para ficarem em Lisboa ou Portugal. Sabemos, pois temos falados com várias, incluindo a Sensei, que foi a primeira que se juntou, que todos têm interesse em conseguir ficar cá, ter [cá] uma parte significativa das suas empresas”, disse.

Em relação à criação de sede fiscal em Portugal, Gil Azevedo disse que tal depende de muitos fatores, desde a legislação portuguesa à “pressão” por parte dos investidores. No entanto, mesmo com sede fora do país, “beneficiamos dos [atuais] unicórnios” através de emprego em Portugal, defendeu Gil Azevedo.

Ou seja, as “startups querem ficar por cá”, mas não há nada que as obrigue a ficar por Portugal e não é certo que criem emprego no país.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: rrrosa@expresso.impresa.pt

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