Economia

Fraudes em pagamentos digitais são as mais reclamadas junto do Banco de Portugal

Fraudes em pagamentos digitais são as mais reclamadas junto do Banco de Portugal
GETTY IMAGES

Nos primeiros seis meses do ano o número de reclamações recebidas pelo Banco de Portugal, ascendeu a 9757, mais 1% face a 2021. Depósitos e créditos lideram queixas, mas fraude com cartões cresceu mais

Entre janeiro e junho registaram-se em média 1626 reclamações por mês, mais 1% face a igual período de 2021. Ao todo, no primeiro semestre, o Banco de Portugal recebeu 9757 reclamações contra instituições financeiras relativas a matérias que estão sob a sua alçada.

Apesar do crescimento ser marginalmente positivo, "houve mais reclamações sobre alegadas fraudes em pagamentos digitais e associadas a dificuldades sentidas por cidadãos estrangeiros deslocados em Portugal na abertura de conta", sublinha o supervisor liderado por Mário Centeno.

Neste período de análise o Banco de Portugal encerrou 9286 reclamações, das quais 7238 foram recebidas neste período. Ou seja, das 9757 que deram entrada, só não foram fechadas 2519.

Foram identificadas insuficiências e irregularidades
em 236 reclamações, correspondendo a 2,5% do total das reclamações encerradas. Nos primeiros seis meses do ano “não se observaram indícios de infração por parte da instituição reclamada em 62,5% das reclamações encerradas”, assim como prossegue o Banco de Portugal, “as instituições resolveram a situação reclamada apesar de não existirem indícios de infração em 35% das reclamações encerradas”.

Depósito e créditos, os mais reclamados


Os depósitos bancários, o crédito aos consumidores e o crédito à habitação continuaram a ser as matérias mais reclamadas, sublinha o Banco de Portugal.

As reclamações sobre matérias associadas a depósitos bancários aumentaram 8,8%, face à média mensal de 2021.

No total foram recebidas 3030 reclamações no primeiro semestre. Um aumento, explicado “sobretudo pelo crescimento das reclamações relacionadas com a dificuldade de abertura de conta por cidadãos estrangeiros migrantes ou deslocados em Portugal e com a alteração ou óbito do titular”.

No caso da alteração ou óbito as reclamações representam 15,3% do total, no caso de encerramento, 15,1% e no caso da abertura de conta por cidadãos estrangeiros, 7,7%.

No crédito ao consumo o número de reclamações ascendeu a 2574, o que corresponde a uma redução de 10,1% face a 2021.

Para isso, diz o Banco de Portugal, concorreu “a redução do número de reclamações sobre a cobrança de valores em dívida em cartões de crédito”. Porém, “o cartão de crédito foi o produto com maior número de reclamações, correspondendo a 48% do total de reclamações nesta matéria”.

Segue-se o crédito pessoal (31,7%) e o crédito automóvel, com 12,2% do total.

No que diz respeito ao crédito à habitação as reclamações caíram 8,4% face a igual período de 2021. Foram recebidas 1033 reclamações nos primeiros seis meses de 2022. Segundo o supervisor esta redução está associada à fim do regime das moratórias implementado durante a pandemia e que terminou em 2021.

A matéria mais reclamada, com 12,2% das queixas face ao total, é o cálculo das prestações e da TAEG e a determinação do spread aplicável e o indexante por ocasião da sua revisão periódica, entre outras matérias.

Fraude em pagamentos com cartão as que mais crescem


O Banco de Portugal recebeu 988 reclamações sobre cartões de pagamento nos primeiros seis meses do ano, o que significou uma diminuição de 2% face a igual período de 2021.

A matérias mais reclamadas nos cartões de pagamento dizem respeito a situações de fraude, cerca de 39,4%, nomeadamente quando o titular não deu autorização, ou em pagamentos digitais, assim como a responsabilidade das instituições pela execução das operações alegadamente fraudulentas.

Segue-se a demora na substituição dos cartões e comissões cobradas neste contexto, com 24,8% das reclamações nos cartões, as quais apesar de estarem em segundo lugar foram menos do que no ano anterior.

No que diz respeito às reclamações nas transferências de crédito, verificou-se um aumento de 34,8%, totalizando 763 reclamações sobre esta matéria.

Para isso contribuiu, sobretudo, o aumento das reclamações sobre situações de fraude. Estas ascenderam a 34,7% do total e, mais uma vez, com destaque para "a ausência de consentimento do utilizador de serviços de pagamento no que respeita a transferências alegadamente ordenadas de forma fraudulenta a responsabilidade das instituições pela execução dessas operações".

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: IVicente@expresso.impresa.pt

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