Moda: mercado de segunda mão triplicou desde 2020
Negócio global de roupa, calçado e acessórios em segunda mão está agora avaliado em mais de 100 mil milhões de dólares, diz estudo do Boston Consulting Group e da Vestiaire Collective
Negócio global de roupa, calçado e acessórios em segunda mão está agora avaliado em mais de 100 mil milhões de dólares, diz estudo do Boston Consulting Group e da Vestiaire Collective
O mercado de revenda de roupa, calçado e acessórios vale atualmente 100 a 120 mil milhões de dólares (102 a 122,7 mil milhões de euros), um número que triplica o valor deste negócio em 2020, indica um estudo do Boston Consulting Group e da plataforma de revenda Vestiaire Collective.
O trabalho refere que o mercado da moda em segunda mão já representa uma fatia de 3% a 5% nas vendas totais de roupa, calçado e acessórios e pode atingir os 40%.
Nos roupeiros dos consumidores, a moda em segunda mão poderá passar a ocupar cerca de 27% do espaço já em 2023, indica o mesmo estudo sobre uma tendência de consumo que não dá sinais de desaceleração, em especial entre a geração Z, a mais apta a comprar (31%) e vender (44%), seguida dos millennials, com percentagens de 27% e 37%, respetivamente.
E porque aumenta o interesse pelo consumo de produtos em segunda mão? Os preços ainda são o fator preponderante, mas a sustentabilidade está a ganhar peso e a tornar-se o principal motor deste negócio, refere o trabalho.
Do lado dos vendedores, a maioria (60%) assume querer limpar os seus roupeiros, e outros 60% admitem querer recuperar o valor residual do artigo, com 39% a antecipar gastar o dinheiro recuperado em produtos em segunda mão.
Há, também, quem tenha artigos para vender, mas não tenha tempo para os listar. Assim, 30% dos entrevistados prefere dar seus itens a amigos ou a instituições de caridade.
Os dados deste estudo, baseado num inquérito que envolveu 6000 consumidores em 2020 e mais 2000 em 2022, coincidem com a aposta recente de algumas marcas neste negócio. O grupo Sonae anunciou este mês que o Continente criou um novo espaço (RE)Style e começou a vender roupas em segunda mão de grandes marcas em duas das suas lojas, no Porto e em Lisboa, num projeto criado em parceria com a Retry, uma plataforma online dedicada a este segmento, que deverá ser alargado às outras lojas no país.
Num modelo diferente, para já limitado à Bélgica, a Decathlon passou a ter três lojas com a nova insígnia Nolhtaced para enfatizar o conceito das “compras ao contrário” e apelar à revenda de artigos desportivos em segunda mão, numa aposta voltada para a sustentabilidade que promete dar vida nova às peças usadas.
A Inditex é mais uma marca que decidiu abrir a porta à roupa em segunda mão e desenvolver um programa de recolha de roupa usada em loja para lhe dar vida nova e prolongar a vida das peças como parte do seu compromisso social e ambiental.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mmcardoso@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes